15/07/2008

CHORO!
Espedito Lima
Choro lágrimas e em pranto lamento minha tristeza
Sinto meu sentimento e a minha saudade se esvaírem
Ergo-me contra o tempo que me acalenta e a tortura de que sou vítima
Sorrio por me ver deselegante como sempre e famélica de minha história
Sou induzida a me calar para ouvir uma paródia

Esquecida e maltratada é assim que sempre fui
Desprezada e ocultada pelos meus próprios olhos
Para que eu não veja minha maldade caindo sobre mim mesmo
Levanto como a aurora que traz consigo a neve que não aquece

Como a planta que necessita de água
Eu necessito do carinho dos filhos que me desconhecem
Me envolvem num lamaçal sem fim como o lixo que piso
E me Lançam no abismo cruel onde bebo fel

Sem progresso, sem presente e sem futuro
Sem visão, sem passado e sem gestor
O que fiz o que faço e o que sou
Me torno infeliz e vivo sem amor

Perco horas e tenho insônia, meu viver é sempre assim
Se no ontem ou no hoje ninguém lembra de mim
Sou o pássaro seu ninho e o favo sem o mel
Sou o canto que não ecoa e sobre mim não vejo o céu

Sem cheiro e sem cor com dor e com pavor
Sou o tempo e hora o minuto e o segundo
Me afago me contorço sou um fraco e um mudo
Sou a fonte que está seca sob o solo deste mundo

Sou a mãe e não o pai o filho e o sobrinho
Sou o riso do desencanto e a maldade do pesar
O embrião que não desenvolve e o gosto sem paladar
Sou a virtude que não existe e cambaleio sem andar

Ó, Como eu sou!
Nem o vento nem o mar
Nem a terra nem abrigo nem bilhete e nem aviso
Sem a força sem o lenço sem colchão e sem lençol
Gemo muito e sempre choro debaixo de um sol

Sou o pó e sou o ar o verão e o inverno
O pomar sem nenhum um fruto e um cego sem falar
Um filho sem o pai e a mãe sem ter marido
Por nada me fazerem vivo e sempre sem abrigo
O meu povo é infeliz por isso vive sempre aflito