12/03/2009


Os refugiados do Tio Sam
LUIZ EDUARDO DA SILVA ANDRADE (DE JOSILDA)


É triste e ao mesmo tempo interessante ver os reflexos da crise nos Estados Unidos, em matéria apresentada no dia 11/03/2009 pelo Jornal da Globo e hoje(12) no Bom Dia Brasil.

Taz cenas lamentáveis: milhares de norte-americanos vivendo em barracas e abrigos públicos por conta de terem perdido suas casas. As imagens me trouxeram à lembrança várias cenas de guerra, embora vejo-as com naturalidade pois parecem uma reação a tantas ações ofensivas praticadas pelos EUA durante tantos anos. Sabe-se que é comum ao Tio Sam infiltrar agentes na política de outros países (subdesenvolvidos, diga-se de passagem), financiar milícias armadas na África, a guerrilha na América Latina e grupos terroristas árabes, sem falar que não faz muito tempo que os EUA declararam guerra ao Afeganistão e ao Iraque.

O mundo fica chocado ao ver os ianques passando fome e sem teto, porém não lembram que há pouco tempo essas cenas na TV eram recorrentes e ainda existem nos países infectados pelos norte- americanos, talvez o choque ocorra porque nunca se imaginou que o país do consumo fosse sofrer de males que causara outrora aos povos pobres. E curiosamente uma das cidades mais afetadas é Sacramento, capital da Califórnia, estado que fica na costa oeste e numa das áreas mais ricas do país onde estão Hollywood, Beverly Hills, o vale do silício, local no qual estão implantadas várias empresas de tecnologia como a Microsoft.

Não falo em vingança, muito menos em providência divina, mas na simples ação e reação da natureza. Aqueles que um dia souberam cobrar avidamente as dívidas dos pobres agora perdem as casas porque não podem pagá-las. Invertendo o sentido da passagem eu diria que o mundo moderno tem razões que a própria razão desconhece as coisas já não são tão concretas, tudo é fluido demais para ser apreendido por poucos que se dizem os donos do mundo. Marx disse que “tudo que é sólido desmancha no ar”, pena que os norte-americanos tão conhecidos pela antecipação do futuro não se deram conta disso e agora pagam pelo alto consumo.

A solidez da liberdade deles já não é mais a mesma, até ela pode se desmanchar num piscar de olhos. A diferença é que a deles são os bancos retiram e a do povo pobre, já mencionado, são bombas, mísseis, armas etc. Não vejam esse comentário como uma crítica do ressentimento, na verdade é só um alerta que deve-se tomar tanto em tempo de crise ou não: o mundo está cada vez mais fragmentado e líquido como diz Zygmunt Bauman, portanto quem quiser abarcar o todo como tentaram os norte-americanos pode acabar todo molhado, para não dizer sujo, desempregado ou refugiado.