Um clarão!
Uma fogueira, um anúncio, pra que?
Um balão, um rojão, um quentão, é festa, por quê?
Tem casamento, na igreja não; no arraiá, sim
Com quem, com o Zé e Maria, o bobão e alegria?
Tem milho, canjica, pamonha
Tem forró, pé de serra, xaxado e baião
É o mês, tem chuva e tem frio; e daí?
É na quadrilha, deles não, a nossa
Ninguém leva nada, também nada deixa
Junho, me lembrei, é ele mesmo
Tem primeiro, tem o 15; os 23 e 24
É na rua, de dia, de noite ou no mato
E vamos nós, sem algemas, sem lençóis
Lá vem ela, assoprando, a sanfona
Que beleza!
Tem o vento, um luar com um cantar
Tem a palha, bananeira, com a cana
Bandeirola, qualquer cor, sem suor
Nem o ocaso, nem o caso, tem licor
Vai o ramo, te um bumbo e uma gaita
Canta o choro, ouve a voz de uma onça
Tem sopro, multidão e algazarra
Vale tudo, com criança, é uma festa
Os adultos que se cuidem pra o pior
Com queimagem tem fumaça
Tem meio, tem gente, tem ambiente
Vê-se cor: amarelo, azul e verde
Tem lambança; é verdade, tudo vale
É com Tonho, com João, Pedro e Paulo
Deixem eles, nada haver, cuidado!
Junina, sim; Joanina, não. Olhe a confusão!
Um clarão!
Ele sapeca, torra, arde, dói e leva à morte
17/06/2009
UM CLARÃO
Espedito Lima