02/10/2009

QUANDO COMEÇAMOS A ERRAR
José Mário
Foto: Crédito de Divulgação
Em anos de militância política tenho observado que somos sempre os últimos a saberem dos acordos para coligações; não importa qual a sua posição na coordenação dos trabalhos de campanha ou seu envolvimento no dia-a-dia com o suposto candidato, quando muito, vaza pequenos detalhes sobre a possibilidade daquilo que pode acontecer, mas apenas em suposições, nada mais, até que num dia qualquer, sem consulta prévia, o seu velho adversário está a sua porta, protegido por aquele que você o escolheu como liderança política, que lhe diz; “fulano” a eleição está ganha, fechei acordo com o nosso amigo aqui, não dá mais para ninguém.

Vejamos a princípio que o nosso velho adversário político já foi apresentado como “nosso amigo”, não nos perguntam se estamos de acordo, se continuaremos caminhando junto. Sentem-se na realidade donos da nossa vontade e com direito a fazer a escolha que bem quiser, e nós, pobres idiotas, construtores de escadas para subida desses FDP, baixamos a cabeça e concordamos com a bucha de canhão que é empurrada de garganta abaixo, sem direito a questionamentos de qualquer natureza.

No início da década atual me deparei com situação idêntica e discordei ainda antes do fato acontecer, afastei-me, pensei que tinha aprendido, mas fui acometido da cegueira política partidária e vejo onde me meti, ou nos metemos, não importa se individual e ou coletivamente, a realidade é que baixamos a cabeça e dizemos amém ao que nos foi imposto, aí começou mais uma vez o erro de todos, não tivemos coragem de discordar, mesmo prevendo os acontecimentos; não impusemos limites para decisões que a todos pudesse afetar ou constranger em seus conceitos individuais.

É certo que não vale a pena chorar ou reclamar pelo erro cometido ou que se deixou cometer, com evidente omissão ou falta de coragem de postular participação nos debates decisórios, já que ali, quando necessário trabalhar, lá está eu ou estamos nós, sempre requisitados a todo instante e sempre disponíveis para atendê-los no que for solicitado. Transformo-nos em burros de carga, marionetes, zumbis, etc; viramos crianças que se engana com a promessa de um doce, nada recebemos, vivemos num mundo de promessas, de faz de contas, nos envaidecemos por fazer parte do grupo que coordena a campanha, é o máximo, não fosse de pura imbecilidade.



Surgido de um dos acasos da vida, materializamos “um qualquer” e em torno dele criamos um mito, o tornamos carismático e o endeusamos perante todos, mas esquecemos com a mesma rapidez, de conceituá-lo na linha desejada, criticamos ao outro por erros banais, lá do outro lado tudo é falho, nada é claro, somente obscuridade, assim me vejo mais uma vez errando por aqui não enxergar.

Não precisamos corrigir o outro, mas tão somente a nós mesmos, pois não temos necessidade de comparar o nosso candidato para mostrar que ele é o melhor, necessário se faz que apenas o conceituemos pelo que ele é; deixando que a sociedade exerça o papel que lhe cabe e o compare ao outro, acaso dúvidas existam, chega da política de lavar roupa suja, vamos falar do que nos interessa ou nos afeta em nossos direitos, que são as ações de cada um como gestor.

Deixemos o homem de lado e vamos analisar os seus feitos, suas qualidades administrativas, a sua posição perante a sociedade, é das suas ações que surgem os benefícios ou mazelas, portanto, se queremos um bom administrador, somos forçados a combater o tratante, o oportunista, o corrupto, o covarde, o fofoqueiro, o ausente e tantos quantos adjetivas aplicáveis nesta linha.

Para que não venhamos a dar apoio ao portador contumaz de tais adjetivos, vemo-nos forçados a não fraquejar diante da análise necessária, que devemos efetuar do próprio amigo, pois se fecharmos os olhos por ser ele o nosso amigo, jamais deixaremos de errar, além de nos tornar vítimas de nós mesmos; sermos obrigados a calarmos para sempre sob pena de perdermos também a nossa credibilidade ou darmos a entender que só servimos para detectar falhas alheias, que quando nossas, tornamo-nos cegos por conveniência, conseqüentemente, desmerecedores de qualquer crítica a quem quer que seja.

Sei que esta realidade é efêmera para o mundo em que ora vivemos, pois costumamos questionar apenas quando o momento é ruim; como são tantas as informações ruins que absorvemos no dia-a-dia, via do hábito, costumamos questioná-las como se fossem jornal de ontem, sempre dando pouca ou quase nenhuma importância, já que as mais recentes estão a causar maior impacto, mas ao observarmos atentamente, vemos que as nossas instituições assim nos condicionam, pois as normas de sociedade, não propõem a que tenhamos um bem, mas apenas nos influencia a acreditar que não seremos forçados ou levados a nenhum mal.

Considerando que somos nós a sociedade, conseqüentemente, as mudanças nascem ou morrem a partir de nós mesmos, pois somos fruto do que conceituamos nessas regras de sociedade, sem necessariamente sermos o produto da mesma, já que não podemos esquecer que as críticas surgem contra ações de nós sociedade, que independente de onde aconteça, não importa se aqui, ali ou acolá, o resultado é sempre o mesmo, independente da classe social, mas necessário não esquecer o que conceituamos como exercício da cidadania, sendo o principal elemento, o respeito recíproco.

Consideremos todas estas argumentações para analisarmos a nossa cidadania de forma individual, mas sem perder o sentido de coletividade, já que um está de forma intrínseca, ligado ao outro, pois para que eu viva bem, sou forçado a respeitar o direito e o espaço do outro, para que não venhamos a colidir na busca dos nossos direitos individuais, conceito esse que não é diferente parta ninguém, assim como é aplicado a quem Gestor Público, pois o direito dele está em administrar bem, enquanto, a nós sociedade, o direito de ser bem atendido, pois a coisa ali não é do Administrador, mas do povo, Nós, mesmo que desse bem não tenhamos necessidade, mas deve ali estar a nossa disposição.

Para que não venhamos a ver a coisa direcionar por caminhos diversos e não aquele desejado e esperado por todos, somos forçados a não nos esquecermos da necessidade de analisarmos antes as qualidades daqueles que serão submetidos ao julgamento popular, lembrando que julgando as ações estaremos ao mesmo tempo, julgando o homem; como conseqüência, se as ações não forem dignas, por certo que o homem valerá menos ainda, mas ainda assim, estaremos respeitando a sua individualidade como pessoa, pois a essa cabe à Justiça, o julgamento.

Aos não satisfeitos, às vítimas dos descasos, desmandos e arrumadinhos, aos que nunca comungaram com a situação vivida nos últimos anos e na atualidade, aos que desejam mudanças construtivas, aos que querem um amanhã melhor, que nos juntemos em torno dos nossos sonhos por melhores dias, então que arregacemos as mangas e partamos para esta construção, sem negociação de vantagens pessoais, mas pelo dever cívico e pelo direito de poder orgulhasse de ter contribuído para o progresso de sua terra.

Que busquemos um nome capaz de reerguer a nossa Terra ou seremos obrigados a envelhecer com a consciência de que nos omitimos, de que nada fizemos enquanto éramos capazes e que negligenciamos como cidadãos, no momento em a nossa comunidade e o nosso espaço, mais precisavam do nosso grito de liberdade e contestação sobre aquilo que é considerado ruim, que sejamos parceiros pela reconstrução e pela crença de que podemos ter melhores dias para nossa coletividade, lembrando: podemos ser fruto da sociedade, mas não necessariamente um produto dela, pois se assim nos vermos, estaremos perdidos, mediante a conscientização coletiva de que o Crime Compensa...

Quem assim conscientizou-se investiu em alta escala para assegurar um lugar entre os encarcerados pela Justiça, pois essa, tardia, sonolenta ou hibernando, livre ou em redoma, sempre desperta para fazer valer o seu papel perante a sociedade; quem duvidou tem a cobrança batendo à porta.

Por: José Mário Varjão, em 30/09/2009.