15/02/2014

EM CIMA DA CAMA
Clóvis de Melo

 Crédito: Divulgação
Fui dormir numa pensão
Mas terminei não dormindo,
Porque no quarto encostado
Um chamego eu fui ouvindo
Quando fui pegar no sono
O sol já vinha saindo.

Uma voz era de homem
E a outra de mulher
Ele dizia: me ajude
Faça força se puder
Ela dizia: o que é isso?
eu ajudo, se quiser.

Ele disse: vá pra cima
Ela disse: eu tou cansada
Bote aí que eu dou um jeito
Vê se dou uma aprumada
Empurre aí um pouquinho
Oh, que luta aperriada!

O homem dizia: aguënte
Assim nem entra nem sai
E ela dizia: empurra
Disse ele: assim não vai
Vamos logo os dois pra cima
Pois senão a gente cai.

Quando disse os dois em cima
Eu pensei: isto é loucura
Já não agüentando mais
Resolvi aquela altura
Ver aquela arrumação
E brexei na fechadura

Vi no buraco uma coisa
Que me fez perder a fala,
Era um velho e uma velha
Numa luta sem escala,
Cada um botando força
Para fechar uma mala.
Crédito: Divulgação
(*)Clovis de Melo:
De nome completo, Clovis de Melo Azevedo, nasceu (5 agosto 1940) em Pedra Lavrada, município de Picuí/Pb, acabando por radicar-se em Campina Grande. Aqui, vítima de atropelamento, faleceu aos 22 de fevereiro de 1996. 

Graduado em Direito e funcionário do Tribunal de Trabalho. Granjeou notório destaque com os programas “Dramas da Cidade” e “Brasil de Norte a Sul”, veiculados pela Rádio Caturité. Na rádio, ainda exerceu as funções de repórter policial, produtor, diretor artístico e apresentador.

 Trabalhos seus foram também divulgados nas rádios: Borborema, de Campina Grande; Clube, de Pernambuco; Integração e Jornal, de Sousa.

 Igualmente, colaborou nos jornais Correio da Paraíba, Gazeta do Sertão; Jornal da Paraíba; e A defesa, este último de Caruarú/Pe. Participou em “Autores Campinenses”/1986 (Edições Caravela) com dois textos: “Em cima da cama” (poesia) e “Lei do mundo” (prosa). 

Obras que publicou: O Sertão em poesia (poemas matutos, em 1967);Lei do mundo (crônicas, em 1974). Deixou inéditas as obras “Mundo Novo” (estórias de engenho, centralizado o Coronel Cunha Lima, na cidade de Areia/Pb; “Lei do Mundo” (volume II) “Poemas do sertão”.