EM CIMA DA CAMA
Clóvis de Melo
Crédito: Divulgação
Fui dormir numa pensão
Mas terminei não dormindo,
Porque no quarto encostado
Um chamego eu fui ouvindo
Quando fui pegar no sono
O sol já vinha saindo.
Uma voz era de homem
E a outra de mulher
Ele dizia: me ajude
Faça força se puder
Ela dizia: o que é isso?
eu ajudo, se quiser.
Ele disse: vá pra cima
Ela disse: eu tou cansada
Bote aí que eu dou um jeito
Vê se dou uma aprumada
Empurre aí um pouquinho
Oh, que luta aperriada!
O homem dizia: aguënte
Assim nem entra nem sai
E ela dizia: empurra
Disse ele: assim não vai
Vamos logo os dois pra cima
Pois senão a gente cai.
Quando disse os dois em cima
Eu pensei: isto é loucura
Já não agüentando mais
Resolvi aquela altura
Ver aquela arrumação
E brexei na fechadura
Vi no buraco uma coisa
Que me fez perder a fala,
Era um velho e uma velha
Numa luta sem escala,
Cada um botando força
Para fechar uma mala.
Mas terminei não dormindo,
Porque no quarto encostado
Um chamego eu fui ouvindo
Quando fui pegar no sono
O sol já vinha saindo.
Uma voz era de homem
E a outra de mulher
Ele dizia: me ajude
Faça força se puder
Ela dizia: o que é isso?
eu ajudo, se quiser.
Ele disse: vá pra cima
Ela disse: eu tou cansada
Bote aí que eu dou um jeito
Vê se dou uma aprumada
Empurre aí um pouquinho
Oh, que luta aperriada!
O homem dizia: aguënte
Assim nem entra nem sai
E ela dizia: empurra
Disse ele: assim não vai
Vamos logo os dois pra cima
Pois senão a gente cai.
Quando disse os dois em cima
Eu pensei: isto é loucura
Já não agüentando mais
Resolvi aquela altura
Ver aquela arrumação
E brexei na fechadura
Vi no buraco uma coisa
Que me fez perder a fala,
Era um velho e uma velha
Numa luta sem escala,
Cada um botando força
Para fechar uma mala.
Crédito: Divulgação
(*)Clovis de Melo:
De nome completo, Clovis
de Melo Azevedo, nasceu (5 agosto 1940) em Pedra Lavrada, município de
Picuí/Pb, acabando por radicar-se em Campina Grande. Aqui, vítima de
atropelamento, faleceu aos 22 de fevereiro de 1996.
Graduado em Direito e
funcionário do Tribunal de Trabalho. Granjeou notório destaque com os programas
“Dramas da Cidade” e “Brasil de Norte a Sul”, veiculados pela Rádio Caturité.
Na rádio, ainda exerceu as funções de repórter policial, produtor, diretor
artístico e apresentador.
Trabalhos seus foram também divulgados nas
rádios: Borborema, de Campina Grande; Clube, de Pernambuco; Integração e
Jornal, de Sousa.
Igualmente, colaborou nos jornais Correio da
Paraíba, Gazeta do Sertão; Jornal da Paraíba; e A defesa, este último de
Caruarú/Pe. Participou em “Autores Campinenses”/1986 (Edições Caravela) com
dois textos: “Em cima da cama” (poesia) e “Lei do mundo” (prosa).
Obras que publicou: O
Sertão em poesia (poemas matutos, em 1967);Lei do mundo (crônicas, em 1974).
Deixou inéditas as obras “Mundo Novo” (estórias de engenho, centralizado o
Coronel Cunha Lima, na cidade de Areia/Pb; “Lei do Mundo” (volume II) “Poemas
do sertão”.