07/10/2009

O MUNDO QUE SE INTERPÕE ENTRE O TER E NÃO TER...

José Mário
O que realmente são conceitos padrões de sociedade ao observarmos a partir dos 7(sete) pecados capitais? Certamente que após leitura da tradução do que se rotulou chamar de pecados capitais, nos veremos de certa forma, inseridos na maioria dos contextos de cada pecado, principalmente no ambiente de trabalho, mas vejamos e analisemos a idéia de pecado e em seguida comparemos com as traduções.

A idéia de pecado não tem conotação religiosa. Pecar vem de "pecare" que significa "errar de alvo". Sempre que "pecamos", erramos de alvo.

1º - A IRA: Tem como sinônimos a raiva, a cólera, agressividade exagerada. Se pararmos para observar, encontraremos nas empresas várias cenas que ilustram esse pecado.
As origens da ira podem ser por meticulosidade, por perfeccionismo ou até mesmo por desqualificar nossa capacidade de solucionar problemas bem como a importância desses problemas.
Basicamente, a atitude mental que está por trás da ira é: "quero destruir’ ou "eu quero e você deve".
Como ficaria esta atitude em termos de gestão? Como será o processo de tomada de decisão sob o impacto da ira? Certamente o mais destrutível possível; com ranço de autoritarismo, desrespeito e baixo clima de confiança mútua entre o gestor e sua equipe.
Uma maneira de detectarmos a manifestação da ira é observar a destruição do patrimônio da empresa bem como a expressão facial das pessoas.
Por baixo de toda ira quase sempre detectamos medo: de errar, de expressar-se de outra maneira, de perder espaço, etc. Ao invés de temer as pessoas atacam para defender-se de seus fantasmas.
Faça um auto-analise de si mesmo e procure se situar diante daquele que convive com você a maior parte do seu dia-a-dia, pergunte-se quanto respeito você tem retribuído em razão do respeito que lhe é dado.

2° - A GULA: No sentido literal, gula é o excesso no comer e beber, na sua simbologia maior significa voracidade. A característica da gula é engolir e não digerir. A gula pode ser entendida como gula intelectual inclusive, o sentido que está por trás da gula é o de estar funcionando abaixo das nossas potencialidades.
A sensação é de que não estamos fazendo tudo que o nosso potencial permite; que estamos vivendo sem atender nossas expectativas.
A atitude mental básica é: necessito aprender tudo.
Um exemplo da gula nas organizações é: quando se compram equipamentos de última geração desnecessariamente ou quando os gestores centralizam o processo decisório e as informações, visivelmente observado nas mesas cheias de papéis.
A gula vai influenciar tanto nos relacionamentos, quanto na produtividade das pessoas.
Avalie-se antes de querer sobrepor-se ao seu companheiro, acaso ele venha se destacando mais do que você, o tenha como exemplo para conquista do seu espaço, jamais tente engoli-lo, você pode provar que o bocado é indigesto e do amargo da derrota.


3º - A INVEJA: É o desgosto ou pesar pelos bens do outro, a dificuldade de admirar o outro, o sentimento de injustiça.
“O slogan que define a inveja é: Ele é mais do que eu, também quero”, a inveja nos faz perder o contato com nossas reais possibilidades.
Nas organizações podemos entender quando não há apoio das chefias para determinados projetos, quando alguém tenta apagar o seu "brilho", vemos também a procrastinação e os processos de "fritura", geralmente quando o discurso é de um jeito e as ações não são coerentes com ele.
Esses pecados não são claros; não são declarados.
O que deixa a inveja bem caracterizada é a sua expressão pelo comportamento não verbal, o olhar, principalmente.
Não devemos confundir a competição com a inveja. Esta última é um sentimento negativo que pode transformar o processo de competição em algo destrutivo.
Tenha cuidado com aqueles que o recebem de braços abertos, mas riem às suas costas, desse tipo, convivemos com número infinito! Às vezes é mais fácil achar dinheiro em calçada alta do que um bom e fiel amigo

4º - O ORGULHO: É o brio, a altivez, a soberba. A sensação de que "Eu sou melhor que os outros" por algum motivo. Isto leva a ter uma imagem de si inflada, aumentada, não correspondendo a realidade.
Surge com isso a necessidade de aparecer, de ser visto passando inclusive por cima de padrões éticos e vendo os outros colaboradores ou colegas minimizados.
Podemos criar a imagem de pavões relacionando-se na empresa, o que certamente trás resultados desastrosos.
Podemos citar o exemplo de gestores que tomam determinadas decisões por questões de orgulho pessoal ferindo muitas vezes as metas organizacionais, mas com o único objetivo de dar vazão a este sentimento.
Infelizmente o Poder em mãos erradas, ou melhor, com pessoas despreparadas para o poder que assume, não importa o nível da hierarquia, vias de regra, cultiva a concretização desse pecado ao firmar-se o conceito do faça o que eu mando, mesmo sem noção do que ordena
.


5º - A AVAREZA: Define-se como estar excessivamente apegado a alguma coisa, levando a um grande medo de faltar, uma percepção de escassez.
A avareza pode ser percebida no cotidiano das empresas levando ao slogan: "Não tenho confiança em ninguém" logo terei avareza com as informações que me chegam às mãos, com a expressão dos sentimentos e opiniões em relação aos projetos que estou envolvido, etc.
Economizo pensamentos, sentimentos e ações, pois não consigo lidar com a diversidade, com a transparência, entrando num clima defensivo.
Em termos de gestão de pessoas podemos apontar a tendência, a centralização como gesto avarento nas organizações.
Esse sintoma é muito presente entre aqueles que se caracterizam pelo puxasaquismos e eterna subserviência perante o Chefe, são incompetentes, então se apegam a uma suposta amizade ao Chefe, como única forma de manter-se agregado ao Poder, isolando-se num mundo à parte.

6º - A PREGUIÇA: É definida como aversão ao trabalho, negligência. Este sentimento faz com que as pessoas desqualifiquem os problemas e a possibilidade de solução destes.
A preguiça não se resume na preguiça física, mas também na preguiça de pensar, sentir e agir.
A crença básica da preguiça é "Não necessito aprender nada", levando a um movimento freador das idéias e ações, dentro das organizações que no cotidiano e traduzido pelo "deixa para depois".
Por razões adversas, esse pecado disseminou-se no Setor Público, igualmente erva daninha, sem defensivo adequado para combatê-la. Ela é presente e freqüente, de todos conhecida, mas razões difusas induzem todos a parecem não vê-la, muito menos combatê-la

7º - A LUXÚRIA: É definida como uma impulsividade desenfreada, um prazer pelo excesso, tendo também conotações sexuais.
Nas empresas este pecado é identificado pelo assédio sexual: em nome da posição hierárquica "Desfruto do poder de dominar". Aparece com isso a grande dificuldade de relacionamento entre homens e mulheres nos ambientes organizacionais, reforçando heranças culturais arraigadas bem como dificuldades emocionais de expressar a afetividade de forma saudável.
Infelizmente o homem permanece atrelado ao 4º pecado, em escala superior a sua educação, confundindo o poder de conquista com o poder de mando, sem esquecer-se da imbecilidade de alguns, em poder dizer aos amigos: aquela é minha, fato que às vezes acontece, enquanto outras param em portas de delegacias, esquecendo que o bom da conquista é a parceria e não a terceirização.
Por fim, que analisemos a tradução real do pecado, conforme sua origem e veremos o porquê desses erros, a realidade é que ao fazermos qualquer uma dessas ações, sempre estaremos errando por dirigi-la a(s) pessoa(a) erradas, daí encontrando o sentido do “errar de alvo”, então, que tiremos lição desse conhecimento e nos analisemos antes, para que não direcionemos nosso lado ruim contra pessoas amigas ou até mesmo daquelas que não gostamos, pois é fácil compreender que na prática desses pecados, o atirador somos nós.
O querer não é um defeito, mas um desejo de melhoria na qualidade de vida, entretanto, o ter a todo custo e por que o outro ao lado já tem, é incorrer em pecado capital que termina por prejudicar a quem não tem nada contra a sua pessoa, mas que por certo, ao tê-la como exemplo, você não buscará o desejado através da conquista por mérito ou trabalho, mas direcionará seus intentos para atos mesquinhos e nocivos ao outro, sua FUTURA VÍTIMA, esquecendo que a primeira vítima poderá ser você, através da lei do retorno, pois ao errar de alvo poderá estar atirando no próprio pé, reflita.
Cresça e conquiste o desejado por méritos próprios que o sucesso lhe será eterno, o outro deve nos servir apenas de espelho e exemplo para tenhamos o desejado e sem conflitar com o exercício da cidadania.
Por: José Mário Varjão, em 05 de outubro de 2009.