03/12/2010

TRIBUTO A MANOEL DE CHICO
Jovino Fernandes

Logo mais às 12:00hs no RVB-Noticias, será apresentado o programa "Tributo a Manoel de Chico", aonde será levado ao público sua tragetória de vida no seio da sociedade jeremoabense.
Você pode acompanhar tanto pela Rádio AM Vaza Barris 1400 ou pela internet, acessando o sites:
TRIBUTO A MANUEL

Cristina Fam

É noite de serenata na “Duque” cai uma chuva fina, madrugada fria; Manuel toca os primeiros acordes; os boêmios apaixonados entoam as cantigas; uma voz chora o amor proibido; as caboclas em suas camas abraçadas ao travesseiro sufocando o desejo de estar entre os baços do amado; são romances verdadeiros no solo sertanejo; a bebida esquenta, da coragem; - o cabra decide roubar a moça, são os sonhos de um tempo repleto dos corações espedaçados!

Manuel é o tocador dos jovens apaixonados, o cupido, o salvador dos aflitos; sim, quando se está apaixonado o tempo é diferente, a vida corre mais rápido tudo é urgência, e o Manuel de Chico Capitão era mestre, tinha trejeito para remendar as coisas dos corações dos amigos apaixonados.

Foi o responsável por muitos romances proibidos, seu violão testemunhou embalando muitos sonhos; acoitou até o que não poderia ter acontecido, mas, quem pode julgar as coisas do coração; - o coração tem razão que a própria razão desconhece.

- Sua cumplicidade foi mais um capricho dos Deuses, na noite dos apaixonados rendendo tributo às caboclas assanhadas e aos cabras perfumados.

No tempo de Manuel a maior prova de amor era a serenata; causava inveja a moça solitária; arrancava suspiro das velhas; as casadas lembravam dos tempos passado; ninguém reclamava; o cabra macho enfrentava o velho pai da amada, rondava a casa até o dia em que roubava a moça aprisionada.

Não havia liberdade sexual; fugir era a maneira do casal ter seu chamego dengoso, safado, era proibido fazer “saliência”, moça direita de família não faz essas coisas não; quem já viu, vai ficar falada!

O “mé” descia goela adentro; a viola chorava, o cabra cantava desafinado, pura jura de amor; afoito prometia a felicidade eterna; estar apaixonado é o êxtase entre a vida e a morte; quanta beleza se via.

- A filha de Sicrano se perdeu; Fulana foge com o namorado Beltrano; o pai não vai aceitar ela mais não; vão passar fome, ele não tem um pau pra dar num gato, coitadinha vai ver o que é bom pra tosse; vai casar na marra. O pai da moça ameaça o cabra; -se comeu, vai ter que casar! A família fica zangada depois vem os “bruguelos” ai o velho amansa; afinal é o sangue.

A donzela roubada tem que casar na força; manda chamar o padre Francisco ele vai dar um jeito.

Manuel contava muitos causos, quem viveu a paixão sabe o poder que ela tem sobre o homem, ninguém foge do destino; a musica tocada com ternura fez o amor brilhar nos corações.

Saudade de você meu amigo!