Coité terá primeiro casamento homoafetivo; ‘ela é minha alma gêmea’, afirma noiva
Fonte: bahianoticias / por Alexandre Galvão
Fotos: Calila Notícias
A cidade de Conceição de Coité,
localizada a 179 Km de Salvador, poderá ter o seu primeiro casamento
homoafetivo celebrado nos próximos 30 dias. Nesta segunda-feira (24), Gildean
Almeida Gomes, 39 anos, e Maria Mendes, 45, apresentaram os documentos perante
o juiz da Comarca da cidade, Gerivaldo Neiva, pedindo o casamento. Na
entrega dos documentos, que já foi uma espécie de pré-cerimônia de casamento
realizado no Centro de Assistência Psicosocial (CAPS), as duas contaram que
querem se casar para ter uma segurança sobre os seus direitos de casal e
combater o preconceito. “Elas elencaram alguns pontos. Elas se amam muito, elas
querem ter uma segurança sobre direitos que os casais héteros têm e desejam
também encorajar pessoas que já são um casal homoafetivo, mas não se sentem
seguras para casar”, disse o juiz.
Mãe de um filho, que faleceu este
ano, Cristina disse viver o momento dela com Gildean “24 horas por dia”. “Uma
ajuda a outra, a relação é muito completa. Não tenho vergonha nenhuma de
assumir minha relação. Esse é o momento mais feliz da minha vida”, contou ao
site Calila Notícias. Segundo Gildean, a decisão de tornar o namoro em um
casamento civil foi “por um sentimento mais forte”. “É como se fosse minha alma
gêmea mesmo. O mesmo amor que sinto por ela, ela sente por mim. A gente se
combina”, declarou-se.
De acordo com o magistrado, a
cerimônia foi “muito emocionante” e contou com a participação das famílias das
noivas. “Elas fizeram muitas declarações e queriam reunir as famílias e os
amigos para ver aquele momento. São duas pessoas dispostas a enfrentar o
preconceito”, contou Neiva. Na avaliação dele, apesar de ser o primeiro
casamento a ser celebrado na cidade, o passo é muito grande. “Não senti uma
coisa normal. Coité é uma cidade muito conservadora e duas mulheres assumirem
uma postura assim... é um momento histórico que marca uma travessia
importante”, frisou o magistrado. Segundo ele, hoje, para o Conselho
Nacional de Justiça (CNJ), “não tem diferença no processo entre um casal gay e
hétero”. “Elas apresentam os documentos de certidão de nascimento, essa
habilitação vai para o Ministério Público e, num prazo de até 30 dias, elas se
casam”, explicou.