NÃO ARROCHE MEUS OUVIDOS
Marcos de Codó: Se é pra falar eu falo
Pois é, resolvi falar sobre o meio ambiente.Vixe que coisa chata e repetitiva!O internauta que está lendo deve dizer.Mas escolhi um detalhe desse meio ambiente pra falar, e que muitos nem percebem a poluição que ele tem sofrido, pois muitos se ligam apenas nos rios, nos mares, nas florestas, no solo e em tantas coisas que a televisão dia após dia nos faz absorver assim como outros meios de comunicação,não que esses não sejam de suma importância para nossa sobrevivência.
E eu estou criando hoje a Fundação de Combate a Poluição Sonora pela Música de má qualidade e mal gosto. FCPSMQMG.A sigla parece muito longa para decorarmos!Então façamos o seguinte.Mudemos para Fundo Mundial do Combate ao Arrocha, ficaria mais ou menos assim: FUMCAR,pronto assim fica melhor não fica?
Bem, e gostaria de começar pedindo desculpas aos apaixonados por este ritmo musical e dizer que o que escrevo não é por falta de respeito pelo gosto musical deles,mas sim,pelo que este tipo de música está fazendo com o resto dos estilos musicais.
Recapitulemos, e voltemos alguns anos atrás pra descobrimos a origem do ARROCHA.Bem nos idos de 1980 inventaram a bateria eletrônica e assim começou a surgir cantores de músicas consideradas brega,economizando no pagamento do cachê do baterista , pois bastava que alguém apertasse um botão e fosse diminuindo ou aumentando o ritmo pra termos a mesma função desempenhada por muitos anos por um aparelho que custava alguns cruzeiros.
Bem, algumas mudanças de moedas depois, eis que surge o órgão eletrônico com bateria incluída, bem nessa época já era uma evolução absurda e muito prática. Pois, talvez você que esteja lendo nem seja dessa época.E ai muitas revoluções musicais depois, os baianos conterrâneos de Caetano, Gil, Gal Costa, Lazzo Matumbi, Moraes Moreira, João Gilberto, Dorival Caimi, e de tantos ícones da música brasileira, numa jogada de sorte e de extrema competência criaram o arrocha.
Precisamos ressaltar que não é qualquer um que consegue dentro de uma música tão rica, criativa e inteligente ter uma sacada dessas, e como a própria música que deu origem a música diz,nasceu num Brega em Candeias, pois é,eis a tsunami, o ciclone extra tropical, a avalanche, o terremoto, a erupção vulcânica da música baiana.Com vocês, o ARROCHA, esse movimento sexy de dançar agarrado, parecendo com zook uma música do caribe e que é uma mistura de tudo quanto é musica com a batida eletrônica de quem não teve a oportunidade de ouvir em suas casas.Odair José, Márcio Greick, Amado Batista, Bartô Galeno e tantos outros considerados bregas mas que não desempregavam os seus bateristas e contavam histórias semelhantes ás letras do arrocha.
Parece que estou escrevendo em defesa dos bateristas ou como se fosse um desses frustrados que um dia quis ser baterista e não conseguiu porque a bateria eletrônica me substituiu.Mas na verdade é que esse movimento é como a dengue que se alastrou pelo Brasil em pleno século XXI, de forma silenciosa e sorrateira.
Hoje todas as músicas de boa ou de má qualidade do Brasil é possível de se ouvir no ritmo do arrocha, mas o problema é que eles só ouvem as de má qualidade, e assim as boas são inaudíveis, a não ser que no silêncio da sua casa,com revestimento acústico você ainda possa ouvir um , Alceu Valença, Zé Ramalho, Zeca Baleiro, Vanessa da Mata, Maria Rita, Caetano, Gilberto Gil, Gal Costa, Dire Straits, Beatles, mas lembre-se de fechar bem a porta e colocar um pano nas frestas das janelas e portas pois mesmo assim poder-se-á ouvir,Ô,Ô,Ô,Ô,Ô, Ô,Ô, não vale mais chorar por ele....ele jamais te amou.... E nas ruas, ouse você que quer participar desse movimento, dê R$3.000,00 num som automotivo, abra o fundo do seu carro e coloque uma música desses cantores citados por último em toda a altura e vista um colete à prova de balas, capacete e vá pra uma barraca dessas que estão espalhadas pela cidade e prepare-se...está declarada guerra pelo meio ambiente limpo do ARROCHA, e a partir daí somente o colete ira te arrochar.Revitalizemos a boa música, tranquemo-nos nos nossos quartos e viva a clausura.
MARCO DE KODÓ – é professor de Geografia, pós-graduando em Didática e Metodologia do Ensino Superior, pós-graduando em Gestão Ambiental.e apaixonado por Jeremoabo.