12/02/2008

Cidadania e Liderança
Cristina Fam
“O HOMEM É, POR NATUREZA, UM ANIMAL FEITO PARA VIVER EM POLIS”, escreveu Aristóteles há mais de dois mil anos. Os humanos são seres sociais e políticos. Podemos aplicar a observação de Aristóteles acerca da polis, ou a cidade-estado grega, não somente ao nosso conceito moderno de cidade, estado e país, mas também a inúmeras associações. Somos todos membros de grupos. Associamo-nos a clubes, igrejas, e a partidos políticos, para nos aprimorarmos e melhorarmos as condições das outras pessoas.
O sucesso de qualquer organização depende do caráter de seus cidadãos. Bons cidadãos são aqueles que conhecem suas obrigações e as cumprem através do exercício de virtudes tais como a responsabilidade, a lealdade, a autodisciplina, o trabalho e a amizade. Encontramos pessoas trabalhando juntas em prol de objetivos comuns. Vemos essas pessoas mantendo suas promessas e aceitando a responsabilidade por seus próprios erros. Deparamo-nos com algumas que se juntam prontamente aos seus camaradas – bem como outras que não. E conhecemos pessoas dispostas a sacrificar os próprios interesses, até mesmo a própria vida, pelo bem dos demais.
Em certos momentos de nossas vidas, muitos de nós somos chamados a assumir uma posição de liderança: chefe de uma equipe, representante de uma comunidade, etc. é bom lembrar as virtudes necessárias para ocupar essas posições, virtudes como a compaixão, a coragem, a perseverança, a sabedoria e, por vezes, a fé. Antes de serem líderes, aprendem a ser bons seguidores – sabem como ajudar a suportar um fardo e compartilhar provações.
Finalmente, a gratidão. Se não somos gratos por nossos dons e oportunidades, provavelmente não lhes daremos valor, e se não lhes damos valor provavelmente não nos esforçamos para preservá-los e aprimorá-los. A gratidão é um importante atributo da boa cidadania. A boa cidadania e a boa liderança costumam exigir certo grau de prestimosidade. Quem está sempre reclamando, por outro lado, não apenas deixa de contribuir como também costuma ser uma ameaça de malograr o progresso.
Lamentos, queixas e reclamações não são simplesmente repulsivas; são sintomas de egoísmo. E uma sobrepujante preocupação consigo próprio não é do que trata a cidadania. Dentre bons cidadãos, disse-nos Aristóteles, “a salvação da comunidade é o assunto comum a todos”.