31/07/2008

TEMPO
Cristina Fam
Tempo para tudo e todos, ainda que tarde à hora de todo o destino traçado abandona o dono. Segue adiante carregado de revés. Sem fortuna, abandonado da inteligência, reclama falta de amigos, para receber tal riqueza é fundamental ser.
Olhos tapados; cabra cega; sem visão do que há por vir, farinha do mesmo saco, sem aconchego domestico segue abandonado, sai da casa um homem assustado, o marido; liso como sebo; aperreado; afobado; tocado de ira; agitado no castelo; donde encontrar paz; a cera lisa aprontou mais uma, nem uma prostituta, uma quenga, faz igual ou pior. Suando a bicas não de prazer, seu gozo é semelhante espinho, a matrona casada, abilolada das idéias, infiel, anotada nas promissórias leva bofetada das dividas, bate e assopra no fogo para economizar abano. Engano tardio, sofrimento adiantado. Quem suportará tanto ainda, que, desavisado, sofre dores, o ferro de resistência leva no bolso alpiste para atrair rolinha, gaiola das loucas, melhor trocar burro velho que sair de braços com cegonha. Fortuna a coisa ta feia, fora de controle, agiota, vai a leilão a coisa veia, fabrica de sabão, desmancha da razão sem ocasião.
Ou piso de cor no; engatou a macha ré no infeliz; é mesmo que enfiar peado em cordão; corredor de salsicha; a zona é de luxo; a dama fria. Encontrado deitado na estrada, inerte seu assovio igual caipora desencantada. Passou da hora.
Fabula sem valor monetário segue cabisbaixa sem destino nem futuro.

Segundo João lembra as palavras sábias de Silivero: - Zeca, burro russo quando envelhece clarea a manha, (quanto mais velho mais manhoso, não paga nem promessa a santo). Quilarino também tem sua sabedoria, segundo o amigo João: Gente é como espinho de mandacaru quando vem trás a ponta.

João por aqui tem mais bêbado; burra russa; perseguida da alma; atormentada; complexa da morta desconsiderada, azeda, azucrinada da vida, perdida das horas; arrebatada do bom senso, desconfiada morta de fome, engarrafada no quintal vinagrou. Perdida desde cedo, esqueceu das horas, amarrada pela crina, égua velha joga coice; há mais dias que salsicha; faz mais uma; esgotada desconta nas contas do mistério sagrado, ainda persegue o santo, amor e ódio, parte na hora machucada, despudorada do coração. Ex do nada, atrofiada no sentimento, ladeira baixa, encapuzada. Espera ansiosa a próxima hora. Preguiçosa.

Já a outra; subiu para o ônibus cedo, viajou, não encontrou o que buscava, ou o que gostaria. Estabanada esperou sentada, para seguir até o ninho, rumo certeiro, provou, desaprovou, traiu sem atração, pior que quenga, puta aguada, saiu, voltou, agonizou, chocou enrolou-se no caracol, abandonou, enfeitiçou, o coração cobrou o destino demonstrou sem paixão. Levada até o fim da picada gritou para o travesseiro, chutou o pinico, mandou obra pra todo lado, guardou na cama, arriscou, machucou, chorou. Fracassou na tentativa, desavisada, esbarrou na própria ignorância, desconfiada ainda vive atormentada mantém vigília. Não vai apagar nem pode aturar escondida e descoberta, já faz algum tempo quando tudo começou. Sem espera o tempo do tempo, marca hora. Achou de graça.