30/11/2008

FORMAÇÃO e EDUCAÇÃO
Espedito Lima
Na escalada da libertinagem familiar, social e mundial, há de se distinguir duas coisas que se associam, mas cada uma tem sua característica própria: o modelo formacional e a ação educacional. O primeiro direciona-se para constituir-se de um caráter genuíno, pessoal ou no seio familiar que o leva a um comportamento integral do agir, do pensar, do querer e do fazer, em proveito próprio ou de outrem; enquanto que a segunda conduz a um aprendizado fora de si, isto é, na escola, na faculdade, na universidade, na sociedade, à revelia do controle pessoal e da família, embora haja um rastreamento à distância, da última.

Costumeiramente os pais, mesmo que os filhos já tenham atingido o uso da razão, seja lá de que maneira for, especialmente ao modo da globalização atual, raramente os deixam, como se diz na gíria, tomarem conta do seu nariz; sempre estão à roda deles para os teleguiarem, o que nem sempre funciona, pois eles mesmos querem se auto guiar, serem donos de si mesmos, e ai inicia-se um conflito.

Por outro lado, contradizem-se os pais em afirmarem que seus filhos sabem se conduzir e confiam neles, por entenderem que para eles e para o mundo eles estão mais que preparados, inclusive muito mais do que os pais; mas esses pais contraditoriamente, excluem-se, na maioria dos casos, de suas responsabilidades e, mais tarde, culpam-se mutuamente – marido/mulher, pai/mãe, pela omissão que firmaram com suas negligências e quando percebem que isto aconteceu, é tarde de mais.

Uns agem segundo um comportamento ultrapassado e prejudica a abertura natural da vida de seus filhos, na forma de se comunicarem e de mostrarem que eles são e devem ser a sombra maior; outros, porém, ditam normas super avançadas que atrapalha o desenvolvimento necessário à liberdade, não libertinagem dos filhos, achando que estão os ensinando as boas regras da vida, quando, na verdade, os lança no mundo e na sociedade devastadora do consumismo e da superficialidade que contrasta com o equilíbrio do bom viver; da formação de um caráter sólido e de uma educação eficaz, completa de ações inteligentes e merecedoras de aplausos.

É um contradito a visão da sociedade globalizada e da estrutura familiar, que estupra a formação digna da juventude e desfaz-se da construção da família, base da sociedade, a pretexto de simulação errônea quanto o criar, o educar e o formar. Seria um leque aberto, sem mover o ar que lhe é peculiar ou fulminar pretensão precoce de uma transformação açodada que não se leva a nada, a não ser a destruição da moral, da personalidade individual e coletiva também.

O embrião que deveria produzir o vínculo natural de ambas – formação/educação, por não alcançar a sua plena fecundidade, apresenta-se como um ser virtual ou simplesmente uma característica fictícia, e enseja esta controvérsia uma desfaçatez que onera a realidade obscura que a família/sociedade apresenta e oferece o injusto padrão da vida moderna, desalicerçando literalmente sua estrutura. E assim, vê-se no hoje, a catástrofe prevista porem inevitável, por conta de uma incapacidade visível para que se possa tentar barrá-la e evitar o desmoronamento do ser humano, de modo geral.

É conflitante, no entanto real, a falta de preparo de pais e mães para frear o desajustado comportamento dos filhos que, em parte, já domina as regras antes ditadas por eles (pais) e, assumem a liderança que outrora era exclusiva do patriarcado conservador, necessário ao respeito, à obediência entre pais e filhos, e estes com aqueles. E não precisamos atualmente desse exacerbado conservadorismo, mas via de regra é fundamental que respeito e obediência persistam e andem lado a lado; mesmo porque sim assim não for, estará sendo completamente inviável o relacionamento pais/filhos e vice-versa, o que contraria frontalmente uma tradição, de certa forma, até Divina. Todos sabem que Deus não só constituiu a família, mas ditou regras para ela, com a finalidade de lhe dar sustentação moral, ética, social e, sobretudo, hierárquica. Por isso não se pode haver inversão de comportamento e de valores nas e entre as famílias. É o princípio da boa vivência e convivência.

Que a formação forme os pais e a educação eduque os filhos; que estes eduquem aqueles e que aqueles formem estes, pois ambos os lados necessitam das duas coisas, para que assim elas estejam paralelamente no caminho da resolução da formação e da educação. Formar é educar e educar é formar. Sem formação e sem educação, ninguém vai a lugar nenhum e o desenvolvimento, independência, segurança, jamais serão alcançados.