23/01/2009

A ESTRADA
Espedito Lima


Ela leva os que vão e traz os que vêem
Rodas passam sobre ela, pessoas e veículos
Uns se alegram, outros entristecem e vão aos gritos
Uns correm, enquanto outros pensam e param
Os que andam devagar não estão entre os aflitos

De barro, cascalho, asfalto ou não
É erguida com poeira, água e no chão
Leva sobre si cobre, ferro, milho e feijão
Os muitos que dirigem, são os poucos da mão
A maioria sempre está na velha contramão

Pelo norte e pelo sul, oeste e centro-oeste
Ela corta o Brasil, do leste ao nordeste
Com paisagem linda e forte, entre a terra e o céu
Vai passando a lavoura, com fumaça e fogaréu
O sertanejo ao lhe vê tira sempre seu chapéu

Ta na rua e na cidade, com sol ou com luar
Durante o dia ou à noite ela sente seu calor
Vai a mensagem que ela leva em busca do amor
Passa aqui passa acolá, atrasando ou não
Parte e tem consigo uma breve solução

De longe ou de perto, o caminho é sempre aberto
Nova, velha e usada, ela é sempre procurada
É pista e quando chove dá uma escorregada
Pára-brisa se levanta e começa a limpar
Pois a chuva que caiu já deu pra lhe molhar

Passa perto da lagoa, da praia, do mar e rio
É preciso que ela exista pra o povo varonil
Sem ela ninguém vai, ninguém fica e ninguém vem
Tem cheiro, tem cor, acostamento e lama também
Sobre pau e sobre ferro, só quem anda é o trem

Hora é leve, hora é pesada, estreita ou larga
É de preto ou de cinza, com semáforo ou lombada
Quando almeja o chegar, nada vai lhe atrapalhar
Com sorriso ou com lágrima, ela é sempre desejada
Seu nome sempre foi,é e será sempre a estrada