27/06/2009

ACABOU!
Espedito Lima
Estão praticamente acabados os festejos juninos edição 2009, com especialidade no nordeste brasileiro, região que, não só os realiza mantendo uma suposta tradição, mas também atrai milhares de pessoas às cidades que mais se destacam com suas festas no mês de junho. Aliás, algumas não só antecipam como também prorrogam, ou seja: iniciam em fins de maio e vão até meados de julho, a exemplo de Campina Grande e Caruaru, nos Estados da Paraíba e Pernambuco.

Existem outras ainda que se não se comportam dessa forma, fazem seus festejos com uma longa programação, repleta de atrações das mais variadas, e aqui podemos citar: Senhor do Bonfim e Cruz das Almas, na Bahia; Areia Branca e Estância, em Sergipe. Nelas, acontece de tudo, desde quadrilhas a shows de cantores, Bandas e duplas famosas, e que sempre estão no auge de suas carreiras, particularmente os que se sobressaíram ou sobressaem na mídia, na telinha e quando participam de trilha sonora das novelas da Globo ou do carnaval de Salvador, vitrines máximas da musicalidade brasileira.

Há também até show à moda religiosa, com a participação de padres e guias espirituais outros que ali, aqui e acolá, dão uma de artistas e conseguem um cachê altíssimo, além, claro, de arrastarem multidões. Tudo vale e vale tudo. É uma verdadeira mistura de ritmos, ações e atrações; tudo versado numa materialização infiltrada numa espiritualidade e vice- versa.

Mas a interiorização desses festejos está perdendo espaço para os grandes centros; é o que vem acontecendo em Salvador, Aracajú e outras capitais nordestinas. É nelas que nos últimos anos, vem se realizando uma pesada programação musical, a ponto de impedir a saída de um grande número de pessoas para o interior, pois elas fazem e nelas se vê de tudo, inclusive com mais originalidade e tradicionalidade.

Aqui mais próximo, Paulo Afonso tende a tirar definitivamente muitos adeptos desses festejos, das cidades pequenas por ser um centro regional, como também assim dispor de melhores recursos, uma estrutura muito mais alicerçada, inclusive a rede hoteleira, para elaborar e executar uma programação que venha atrair milhares de pessoas para sua praça, de outros municípios e até de outras regiões e, assim, abrir um mercado neste aspecto quase sem concorrência para lhe assustar. Além do mais, como se sabe, ela tem se esforçado ao máximo para ser realmente um entroncamento turístico no nordeste.

Mas voltando ao item tradição nos festejos juninos, entendemos que esta palavra não mais cabe em tais eventos: está tudo motorizado, eletronizado, enlatado, encartado, reciclado; quer seja na música, no vestuário, na caipirada, na sertanesagem, nordestinagem; em fim, tudo quanto existia em anos não muito distantes e que sacudia a alegria com muito mais motivo e emoção o coração do nordestino, do autentico sertanejo. Ao que parece, hoje o que interessa é o mercantilismo, é a mercadologia, é o famoso faturamento; o que importa é número, publicidade e não qualidade. E tudo por conta de “São João”. O que tem a ver João Batista com isto? Se ele estivesse na terra por esses dias, não teria outro comportamento a não ser o de azorragar fortemente aqueles que o louvam e o homegeiam.