21/04/2011

O velho Chico
Cristina Fam

- O velho TT que Maria encantou também cantou quando do seu cavalo saltou, demonstrando coragem e valentia; remexendo no tempo, resgatando na memória a lenda cantada.


Maria tingia saia na argila do rio; não sabia que tangendo ao vento a vontade de amar e ser amada; do fidalgo e belo moço a dor da paixão; abandonada “plebéia” que em seus braços beijava, lambuzavam-se Maria e Chico entre risos nas noites de lua clara que no riacho banhavam-se; do pasto a várzea, ao pé da serra ofegante corriam, desejos em desespero fugiam do velho touro o Marruá que prendia Maria.


O encanto foi quebrado, amor apartado feito gado, ela pro lado deixado; o Touro pulou a traição no abismo; ficara com a cabocla que nunca o amou, mas, dolorida em seu peito que viu partir o cavalheiro que da serra descia, seguia Chico com destino desconhecido, até que um dia encontrou amigo letrista que inventou cantiga pra Maria.


O segredo que em seu tumulo levou abraçado; não foi agarrado pela unha; segue Chico saudade conhecendo a dor do parto, que, somente em uma cantiga por ele seria eternizada o amor por sua Maria.


Na madrugada silenciosa simulada morte do cavalheiro na calada; arrancou com unhas o amor deixando em pedaços no solo da freguesia, sangrava.


Foi paciente amigo para ouvir as coisas do coração partido Chico o doutor, deitou em ombro amigo, com saudade, fez verso retratando o passado da plebéia e o nobre da freguesia.


Deixou a cabocla Maria sua amada encantada, a mercê do acaso, com o rebento no bucho enxertado, parte do cavalheiro amado. Nasce à filha da plebéia que herdou os traços da fidalguia; mas, quem puxa aos seus desafia, silenciosa viveu no anonimato, sem herança é deixada, o passado é cantado, a lenda preservada, jamais esclarecida à verdade Cho fé calado Touro no curral foi amarrado.


Ah! O amor não escolhe a vontade de outrem; Maria e Chico nas noites de lua clara, ca vagam na serra em prova do amor eternizado, o que foi proibido aqui, vive lá no céu o amor valorizado; presos no amor deita nos braços, estão felizes na eternidade.


- Da Serra cantada vem rompendo a madrugada o velho TT pedindo ao Cavalheiro um amor verdadeiro; encontrou Jô a bela amada!