31/07/2011

As flores

Cristina FamAs flores de Lourdes são rosas perfumadas; fragrância suave de jasmim no cantinho do céu do meu jardim; arcos na passagem do templo unindo presente passado.


Lourdes singelo presente que atravessou oceano voando nos céus por Ele guiado; bom pastor sentado sorri; ao lado das crianças amadas; seu olhar terno, mais belo que alguém possa contemplar nas nuvens de um céu ensolarado; o sermão da montanha das bem-aventuranças do alto revelado.


Seguindo viagem com suave perfume; presente na oração peregrina no caminho da vida traçada; as lagrimas da dor da solidão deixada; momento de profunda intimidade com o sagrado terço no coração meditado.


A casa guarda segredos das bênçãos, irradia luz, paz, trás harmonia desejada. Historias guardada revelada em momentos de suave aflição. No canto o pote que saciou a sede das mulheres da casa; o velho fogão a lenha a muito desmanchado; a pequenina casa modificada, segredos embrulhados nas paredes os quadros revelados.


A laranjeira plantada com amor ao lado do jasmim florido, colorida flor que cai suavemente num balé rodopiando para no chão pousar; a beleza de todas as flores da casa de Lourdes, que é de Ana e Tude; do tesouro em forma de botija encontrada tem o perfume das flores o brilho do ouro no “aribé” rachado.


O sol bate na porta invade com seus raios pela fresta; é a força da luz iluminando a pequena casa; magia dourada; assim começava o dia de Nanum; atiçava a brasa alimentando o fogo a lenha; Tude muito cedo pro rio partia, as toalhas da igreja na trouxa amarrava; o sabão feito por Profira do Brejinho; fazia oração, pedia proteção, seguia humilde com o coração repleto de amor; retornava silenciosa, engomava, entregava os panos sagrados. Assim seguia a lida das mulheres da casa herdada.


A emoção de uma vida vivida cheia de dignidade, o piso de barro, o ferro de brasa, a banca que engomava desarmada no canto da sala; o café coado cheirava, feijão na panela de barro; acocorada no canto da cozinha apreciava a tarde que caía.


Comadre Ana ansiava pelos segredos do alem da vida; viveu esperando o dia; quem a recepcionaria na partida; ouvia com atenção as escrituras sagradas; satisfeita meditava sobre a verdade no coração, seus olhos brilhavam com alegria, confortável preparava-se.


A coruja piava na noite; rasga mortalha deu o vôo rasante; aproxima o grande dia alguém deve partir; a colônia abre-se exalando forte perfume na manhã de um céu enevoado, triste, deixando saudade.


Nanum sorri com pureza; corre o olhar em despedida; suavemente pergunta: - “se sua partida está próxima gostaria de voltar pra casa!...” silencio quebrado: - a luz que brilha ao seu redor, humildemente pergunta: “- estou vendo a luz, posso ir?”, cega enxergava a luz que somente os escolhidos podem ver; - o doutor seu coração escutava, falava baixinho que estava partindo serenava a mulher; mostrou o amor do milagre num quarto de hospital.


Ana partiu vestida em flores.