10/02/2012

Atacando Cabral e Globo, policiais e bombeiros do RJ aprovam greve
Fonte: Terra

Em clima inflamado, policiais civis, militares e bombeiros do Rio de Janeiro confirmaram na noite desta quinta-feira que entram em greve a partir de 0h desta sexta-feira.

A opção pela paralisação foi ratificada em assembleia na Cinelândia, no Centro, que reuniu pelo menos 2 mil pessoas.

A orientação do movimento é que apenas 30% dos policiais civis fique nas ruas durante a greve.
Os militares foram orientados a permanecer nos quartéis e não sair para nenhuma ocorrência, o que deve ficar, segundo prognóstico dos grevistas, a cargo do Exército e da Força Nacional.

O movimento ainda pede que os trabalhadores levem suas famílias para os quartéis.

Policiais e bombeiros exigem piso salarial de R$ 3,5 mil. Atualmente, o salário base fica em torno de R$ 1,1 mil, fora as gratificações. A proposta do governo contempla antecipação de reajustes já programados e correção baseada na inflação, em 2014.

Cabral acenou também com um auxílio transporte de R$ 100, além da criação de um banco de horas, mas a proposta foi considerada insuficiente.

O movimento grevista quer também a libertação do cabo bombeiro Benevenuto Daciolo, detido administrativamente na noite de quarta-feira e com prisão preventiva decretada nesta noite, acusado de incitar atos violentos durante a greve de policiais na Bahia.

O ato na porta da Câmara dos Vereadores durou seis horas e foi recheado de discursos contra o governo Sérgio Cabral e a Rede Globo.

Jornalistas da emissora que trabalhavam na cobertura da assembleia geral foram hostilizados, e alguns preferiram deixar o palanque onde eram feitos os discursos.

Enquanto emissoras como a Record e a Band mantinham links ao vivo no local, a Globo não colocou nenhum carro com satélite para fazer entradas ao vivo.

Líderes do movimento acusam a emissora de não noticiar os atos do movimento que reivindica melhorias salariais para as polícias e os bombeiros.

“Globo, capacho do governo Cabral”, dizia pelo menos três cartazes levantados.

Muitos policiais ficaram concentrados no tradicional bar Amarelinho. Quando a televisão mostrou uma imagem de Cabral, uma sonora vaia tomou conta do local.

“Cabral conseguiu a proeza de unir as duas polícias e os Bombeiros”, comentava um manifestante.

Os pedidos pela soltura de Daciolo eram recorrentes. Um dos principais gritos de ordem era “Soltem o Daciolo, prendam o Cabral”.

Outra manifestação bastante repetida lembrava que a greve pode afetar o Carnaval da cidade. “Ô, o Carnaval parou”, era um dos coros mais gritados.

Para enfraquecer o movimento, os comandos da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros decretaram regime de prontidão e mantiveram militares dentro dos quartéis.

O medo de que houvesse pessoas infiltradas para sabotar o ato também era uma constante. Em discursos, os líderes do movimento alertavam os policiais para que ficassem atentos à possibilidade de aparecerem pessoas querendo criar algum tipo de confusão no público. Tudo, no entanto, transcorreu sem problemas.