Caso Pesseghini: Sanguinetti afirma não ter dúvidas que cena do crime foi montada
Fonte: Tribuna Hoje 18 de agosto 2013
Professor aposentado da
Universidade Federal de Alagoas, o médico legista George Sanguinetti usou sua
página no Facebook para contestar a versão de que Marcelo Pesseghini teria se
suicidado após matar a família. Famoso por atuar em casos rumorosos, como o da
morte de PC Farias, Isabella Nardoni e Eliza Samúdio, concedeu entrevista a
Zero Hora e afirmou ter certeza de que o adolescente não se matou.
Zero
Hora — Por que o senhor afirma que Marcelo Pesseghini não se suicidou?
George
Sanguinetti — A posição do corpo é incompatível com a
hipótese de que ele tenha atirado em si mesmo. A configuração dos braços e o
jeito como o corpo caiu não são encontrados em casos de suicídio. Ele não foi o
autor do tiro, com certeza. Outros detalhes chamam a atenção. O menino toca só
levemente na arma, enquanto nos suicídios a arma fica fixa na mão. Além disso,
a mão esquerda — e o menino é canhoto — apresenta uma ferida recente no pulso,
que não foi explicada. Na palma da mão, há evidência de que ele antepôs alguma
defesa, de que tentou uma reação. Não tenho dúvida de que a cena foi montada.
Ela não é natural. Houve manuseio do corpo. Tenho mais de 40 anos de medicina
legal e posso dizer, com firmeza, que não foi o menino quem atirou. Se não
tivesse certeza, não afirmaria isso. Fiz simulações do fato e, em nenhuma
hipótese, o corpo fica daquele jeito.
ZH
— E quanto às outras vítimas?
Sanguinetti —
A posição da mãe é a de uma pessoa que estava em submissão para execução. Se
estivesse em outra posição, não teria caído como caiu, com 85% do peso fora do
colchão, ajoelhada. Em todas as mortes, os tiros foram de profissionais. O
menino não seria capaz daquilo, mesmo que soubesse atirar.
ZH — O que o senhor espera dos laudos periciais?
Sanguinetti —
Estou na expectativa, porque podem ser muito reveladores, especialmente o que
diz respeito à trajetória das balas no crânio, que vai permitir saber onde
estava o autor dos disparos e se quem atirou é destro ou canhoto (Marcelo,
acusado da autoria dos crimes, era canhoto). A posição em que a avó foi morta,
por exemplo, é muito difícil de executar por alguém canhoto.