DEPUTADO BAIANO DESISTE DE
CANDIDATURA
Fonte: joilsoncosta
Crédito: Divulgação
CARTA
ABERTA À POPULAÇÃO. EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS PARA DESISTÊNCIA DE CANDIDATURA DO
DEPUTADO GABAN. Caros (as) amigos (as), Tomei a iniciativa de escrever esta
carta, respaldado por uma sólida história de vida pública construída ao longo
de 21 anos de trabalho árduo e muito sério, dedicados integralmente ao Estado
da Bahia.
Em 1993,
quando resolvi abraçar a política por convite, incentivo e apoio pessoal de
Antônio Carlos Magalhães, trazia fortemente arraigados em minha formação
pessoal e profissional, princípios éticos e morais que serviram de colunas
mestras e robusta sustentação aos meus ideais, compromissos, atos e atitudes
durante estas duas últimas décadas, e que, cada vez mais, vejo crescerem e fortalecerem
com o passar do tempo e da idade.
Portanto,
com muita honra e orgulho, trago na minha consciência limpa de cidadão e
conduta de homem público, a sensatez e a coerência política de ter-me filiado e
permanecido no mesmo partido até os dias atuais, por absoluto respeito e
fidelidade a estes princípios, incluindo-se a sensação do dever cumprido e a,
então, valorização dos serviços prestados.
Com
grande tristeza e profunda decepção diante das minhas limitações, sinto-me
pequeno diante do volume e das fôrças crescentes da impunidade e corrupção em
nosso Estado, que insistem avançar livres e desenfreadas, numa absurda e
inconcebível inversão de valores.
Assistir,
completamente a contragosto e de privilegiado “camarote” outorgado pelo povo,
as incontáveis denúncias feitas e não devidamente apuradas, ou ainda, o próprio
Estado não cumprir nenhuma ação transitada em julgado pelo foro competente,
onde nada, absolutamente nada, acontece, é de uma impotência inquietante e
inominável revolta. Para dar o devido lastro a estas indignações e pessoal
frustração, cito aqui um ilustre baiano, jurista, diplomata, escritor e
político, Rui Barbosa que, certa ocasião, assim se expressou: “A força do
direito deve superar o direito da força”.
Editais
escancaradamente direcionados ao favorecimento de determinadas empresas, em
contraponto com as múltiplas denúncias que cumprem rigorosamente o papel de
apontar estas fraudes, associados, infelizmente, à execrável inoperância
complacente das leis ou à suspeita de subserviente conivência contratada, - por
também não apurar devidamente estes fatos - fazem da impunidade resultante um
poderoso instrumento fomentador de novos e viciados contratos superfaturados.
Em 2014, ano eleitoral, algumas empresas multiplicaram em até oito vezes a
média dos últimos anos em volume de contratos com o Governo e, mesmo com preços
escorchantes e vergonhosamente superfaturados, nem assim, foram obstaculadas ou
sequer inqueridas pelos tribunais de direito.
Por outro
lado, a despudorada forma que os Partidos são cooptados com o objetivo de se
obter maior tempo nos programas eleitorais de rádio e TV, nos leva a acreditar
que o TRE faz de conta que não sabe, ou que não enxerga estas evidências. Nesta
insana busca pelo poder, não é difícil inferir que a lealdade de um parlamentar
a seu grupo politico, passa a um plano absurdamente secundário.
Se
fizermos agora um rápido cálculo: para se eleger um Deputado Estadual é
necessário aproximadamente R$ 2.600.000,00 (Dois milhões e seiscentos mil reais).
O salário mensal de um deputado é de R$ 20.042,00 (Vinte mil e quarenta e dois
reais). Ao final de quatro anos de mandato, considerando a soma total acumulada
de salários e décimo terceiro, obteríamos um valor da ordem de R$ 1.042,184,00
(hum milhão, quarenta e dois mil, cento e oitenta e quatro reais). Como então
conseguir se eleger com recursos próprios? Esta conta, simplesmente não fecha…
Para
concluir esta carta, permito-me, mais uma vez, parafrasear o polímata Rui
Barbosa, utilizando trecho de seu célebre discurso no Senado Brasileiro, em
1914 (há 100 anos, portanto), que adiciona extrema legitimidade ao conteúdo
desta exposição de motivos: “De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver
prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver
agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da
virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”.
Mesmo
compreendendo o lato sentido destas sábias palavras, eu não tenho, sob nenhuma
hipótese, tanto por índole, quanto por formação, vergonha de ser honesto. Mesmo
orgulhoso de ser deputado pela Bahia, confesso começar a ter vergonha de
admitir um certo desencanto. Nunca admitiria ver o meu nome descabidamente
vinculado a qualquer mínima possibilidade que se possa permitir “prosperar a
desonra ou crescimento da injustiça”. Jamais desanimarei da virtude ou
admitirei qualquer postura que insinue e ameace mergulhar a minha honra,
história de vida e de parlamentar, num “mar de lama e corrupção” que atualmente
envolve a classe política.
Ainda que
parcialmente desencantado, continuarei exercendo dignamente este meu último
mandato até o fim desta legislatura, com muito afinco, altivez, compromisso,
responsabilidade e, sobretudo, independência, trabalhando pela vitória de Paulo
Souto, por acreditar ser ele o único candidato ao Governo do Estado, a reunir
reais e lídimas condições para a reconquista da esperança perdida, sob a
favorável e viva forma de resgate do merecido e verdadeiro conceito da classe
política baiana. Por DEPUTADO GABAN