21/01/2008

JEREMOABO

Cristina Fam
Jeremoabo é uma cidade mal zelada por seus filhos. Esquecida, abandonada, desprezada. Pisamos o mesmo chão, olhamos a mesma paisagem, olhando o mesmo céu, revigorados pela fé, unidos no mesmo ideal e na mesma esperança de ver esta região crescer e prosperar.
A IGREJA DE SÃO JOÃO BATISTA
A igreja que conheci na infância não é a mesma de hoje. O valor histórico do templo era lembrado com muito orgulho por todos nós. Cada época da história tem seus sinais, suas marcas, guardada na memória. Formando o núcleo de sua imagem espiritual e cultural.
Em Jeremoabo, a igreja perdeu a sua identidade, numa reforma destruidora que revela indiferença aos valores do passado, como se estes não fossem uma parte viva do nosso presente.
Não nos interessa saber de quem partiu a idéia para a destruição desses sinais. A estreita visão oportunista mudou a igreja, a pia batismal, os altares nas laterais, as pinturas, o telhado, o interior foi modificado.
Lembro-me bem: o interior “paredes” era ornado por desenhos de cores variadas, davam a idéia de um despertar para as realidades espirituais. A espiritualidade que as coisas antigas guardavam, evanesceu. Para onde foram aquelas relíquias, aonde foram atiradas? São peças históricas que devem ser recuperadas. Onde estão?
A história é nossa mestra e nos ensina a conviver com o passado e dele tirar lições que nos ilustram.
O mundo de hoje, tocado de imediatismo, não sonha com coisas duradouras.


“Tudo é vivo e tudo fala, em redor de nós, embora com vida e voz que não são humanas, mas que podemos aprender a escutar; por vezes essa linguagem secreta ajuda a esclarecer o nosso próprio mistério”.
Cecília Meireles.
No céu tudo é alegria,
no Inferno tudo é pesar
Baltasar Gracán
Na Terra, que está no meio, existem as duas coisas. Como estamos entre os dois extremos, temos ambos. A boa e a má sorte se alternam: nem tudo é felicidade, nem tudo é adversidade. Este mundo é um zero: por si só não vale nada, mas junto com o céu vale muito. O mais prudente é se manter indiferente diante das mudanças. Os sábios não se mostram admirados. Nossa vida é como uma comédia, cheia de complicações até chegar ao desenlace: atenção para que tudo termine bem.