16/06/2009

É DIREITO NÃO TER DIREITO!
Espedito Lima
Nada de estranho, nada de anormal, tudo dentro da absoluta “normalidade”. Mas, uma indagação: por que o direito não tem direito? É meio complicada a pergunta, não acham? É verdade! Você tem direito de que – a quê?

Certo amigo nosso, recentemente, nos disse que está disposto ir atrás de seus direitos; então lhe perguntei: que direito? De falar o que vejo, sinto e que sei. Mas de que forma, aonde, em que e quando? Insisti com minhas perguntas. Ele retrucou: pode ser no jornal, no rádio, na TV, em qualquer lugar; o que não quero é ficar calado e sem direito. Tudo bem!

E continuou: eu quero ter o direito de ser eu mesmo e de mostrar o que conheço e o que sei; eu quero informar e desmascarar aqueles que nada fazem e mentem vergonhosa e descaradamente pra todo mundo. O povo não sabe de nada. Existem alguns que desejam ser informados, muito embora uma imensa maioria não ligue pra isto; nada quer ver, muito menos saber.

Se eles não querem, eu quero ter meu direito de saber e de mostrar para esse direito obscuro, omisso e negligente a outrem; àqueles que primam por ele e o consideram um “documento” real e válido para os padrões de vida de uma humanidade civilizada, não necessariamente de primeiro, quinto ou último mundo, mas de um mundo que viva e sobreviva à sombra do direito justo, legal.

Ele é reprimido, assim como eu sou também; ele é incoerente e contraia a minha coerência. Ele é bruto e não anseia pela singeleza; ele é irreal, um abstrato, todavia, eu sou comum, desejo ser humilde e sincero. Ele não permite que eu viva desse jeito, a sua ação é cruel; seu comportamento é amparado pela lei e eu sou desprotegido por ele e por ela, literalmente. É um absurdo, mas tenho que conviver com ele, este é meu direito, de não ter direito a ele, ao direito.

Sim, meu caro amigo, mas aonde você vai buscar seu direito? Na lei e na justiça. Mas que lei e que justiça? Quem são estas celebridades? Desfilam por onde e em que canal de TV são vistas? São pessoas confiáveis e atraentes, além de poderosas? Resolvem mesmo seu problema? Você está certo meu amigo; suas perguntas são contundentes, porém cheias de razão. Nem elas têm o direito, por isso como nós termos nossos direitos reconhecidos e garantidos? Ele é mera fantasia, simplesmente uma figura decorativa, esquecida na esquina de qualquer saleta, tal qual um vaso à espera de tipo de lixo que não pode ser reciclável. Aliás, o próprio lixo é sem direito, assim como nós.

O direito dele é castrado; volto atrás e reconheço. O único direito que ele tem, vez por outra, é exatamente ser reciclado, para os outros, não para si mesmo. Esta é sua decepção, sua tristeza, o seu brinde. Ele é levado tapeado, pisado, lançado ao terreno baldio, às moscas e aos abutres, entre outros. E sobre nós praticamente é aplicada a mesma regra, os mesmos critérios, que o direito não nos assiste, simplesmente não existe; apenas, única e exclusivamente aos poderosos.
É a regra da lei e da justiça materiais. É o confronto entre o querer e o não ter; o buscar e não achar; o bater e não abrir; o ver e não ouvir.

Afinal, é direito não ter direito. Fazer o que!