Macumba quase incendeia Fórum
Fonte: http://www.tribunadabahia.com.br
Hélio Rocha
“Pense no absurdo, na Bahia há precedente”, já dizia o ex-governador Octávio Mangabeira. Essa máxima foi levada ao extremo na tarde da última quinta-feira, quando uma sessão de macumba promovida dentro das varas Crime e da Fazenda do município de Paulo Afonso quase ateia fogo no Fórum municipal. Ao juiz Jofre Caldas de Oliveira está sendo atribuída a iniciativa do “trabalho”. A fumaça provocou um corre-corre de funcionários e cidadãos que estavam no prédio saíram em polvorosa. Oliveira supostamente estaria fazendo uma sessão de “descarrego” para se livrar das diversas acusações de irregularidades e uso ilegal da máquina pública, que estão sendo apuradas pelo Tribunal de Justiça da Bahia (TJ) e pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
De acordo com o juiz Rosalino Almeida, titular da 1ª Vara Civil da Comarca e diretor do Fórum de Paulo Afonso, município 471 km distante de Salvador, o incidente ocorreu por volta das 17 h quando nuvens de fumaça e cheiro de incêndio se espalharam pelos corredores do prédio. Naquele instante, Almeida celebrava um casamento coletivo envolvendo 15 casais, que quase saem correndo ainda solteiros, em pânico junto com a multidão.
“Pedi a um policial que fosse averiguar e, para minha surpresa, fui informado que o juiz Jofre estava promovendo um trabalho de macumba dentro do gabinete, com a ajuda de um pai-de-santo de cor negra ainda não identificado. E que a fumaceira era resultado da queima de charutos, velas e incensos”, conta. “Fomos informados ainda que o pai-de-santo veio especialmente de Salvador para realizar a sessão, a convite do juiz Jofre”, completou.
Apesar do susto inicial, Almeida conseguiu acalmar os casais e finalizar as bodas coletivas. Não houve danos materiais ao prédio público, mas Jofre foi criticado pela ação. “Ainda não fui ao local pessoalmente para averiguar, mas foi uma atitude ilegal”, afirmou Almeida, “o Fórum é lugar para julgar processos e fazer cumprir a Lei, e não para promover sessões religiosas como essa”, completou.
A equipe de reportagem da Tribuna da Bahia tentou entrar em contato com o juiz Jofre, mas fomos informados via telefone que ele não se encontrava no Fórum na tarde de ontem. Procuramos então a assessoria de imprensa do TJ, que confirmou a existência de inquérito administrativo contra ele, que corre em segredo de Justiça. Segundo informações do site “JusBrasil Notícias” e matérias que circularam no início do ano em jornais de grande circulação, o TJ-BA e o CNJ apuram diversas acusações contra o juiz Jofre Caldas de Oliveira, dentre elas os de uso ilegal da máquina pública de prefeituras, assédios moral e sexual, pressão exercida sobre o prefeito do município vizinho de Santa Brígida para empregar a filha e amigos, além de favorecimentos a advogados em decisão judicial.