19/04/2010

Padre preso por pedofilia em Alagoas pode ser colocado em liberdade

Fonte: JCOnline
Nacional // Arapiraca
Foto: Crédito Divulgação
O advogado Edson Maia disse que vai entrar na Justiça com um pedido de habeas-corpus para colocar em liberdade o monsenhor Luiz Marques Barbosa, 83 anos, preso na noite desse domingo (18), após prestar depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga casos de pedofilia no Brasil. Marques foi acusado de abusar sexualmente de ex-coroinhas que trabalhavam com ele na Paróquia de São José, em Arapiraca, no Estado de Alagoas. A prisão preventiva foi decretada pelo juiz Rômulo Vasconcelos, a pedido do presidente da CPI da Pedofilia, senador Magno Malta (PR-ES).

O advogado de Marques disse que o religioso já é idoso, tem residência fixa, não representa risco para as investigações e é réu primário, por isso teria direito a responder ao crime em casa. Luiz Marques está preso no quartel do 3º Batalhão da Polícia Militar. De acordo com o comandante do Batalhão, o tenente-coronel Marcos Sampaio, Marques passou a noite em uma cela especial e hoje pela manhã recebeu a visita de parentes. Ele tem direito a cela especial porque é oficial da reserva da PM de São Paulo, onde atou com capelão.
De acordo com o senador Magno Malta, a prisão tem como objetivo evitar que o religioso interfira nas investigações, não intimide os ex-coroinhas, nem deixe o País antes da conclusão dos trabalhos. "Nós descobrimos que ele tirou um passaporte recentemente. Por isso, decretamos a prisão dele", afirmou o magistrado.
Também foram presos o motorista José Reinaldo e a empregada Maria Isabel, que trabalhavam para o monsenhor. Os dois empregados foram presos por falso testemunho. Ele teria mentido para proteger o religioso, em depoimento à CPI da Pedofilia.

Antes de ser levado para o quartel, onde está preso, Marques concedeu entrevista à imprensa e se disse surpreso com a prisão. "Eu tirei esse passaporte em janeiro, quando essa denúncia ainda não tinha vindo à toma. Como então eu estava me preparando para fugir?", questionou o religioso. Em seu depoimento à CPI, Marques assumiu o "erro que cometeu" e pediu "perdão aos fiéis". Mas repetiu várias vezes que não era pedófilo. Quando perguntado pelo presidente da CPI se era homossexual, ele disse que preferia não responder a pergunta.

CONFISSÃO - Também prestaram depoimento o monsenhor Raimundo Gomes, 52 anos; o padre Edílson Duarte, 43 anos; e o padre alemão Bennedikt Lennartz, pároco do município de Craíbas, que fica na região de Arapiraca. O padre Edílson foi o único que confessou ter abusado sexualmente dos ex-coroinhas. Ele começou o depoimento negando as acusações, mas depois decidiu colaborar, em troca da delação premiada. Edílson confirmou as acusações que os ex-coroinhas fizeram contra os monsenhores e disse que o bispo diocesano de Penedo, dom Valério Brêda, sabia de tudo e não fez nada para impedir.

Dom Valério Breda se colocou à disposição da CPI da Pedofilia, por meio de uma carta encaminhada ao presidente da Comissão, mas não pode comparecer à audiência em Arapiraca porque estava viajando. O senador Magno Malta disse que dom Valério pode ser convocado para depor na CPI em Brasília. O bispo de Penedo foi quem afastou os três religiosos das paróquias de Arapiraca, quando o escândalo ganhou repercussão nacional e chegou ao conhecimento do Vaticano. Desde meados de março, que os dois monsenhores e o padre Edílson estão proibidos de exercer o sacerdócio.

Segundo Magno Malta, o monsenhor Raimundo Gomes não foi preso porque não tinha uma prova cabal contra o religioso e não foi encontrado nada comprometedor em sua residência. Durante o depoimento à CPI, Raimundo negou as acusações do ex-coroinha Anderson e chegou a discutir com a mãe do rapaz, que lhe acusava de pedófilo.

O monsenhor, que está afastado da paróquia de Nossa Senhora do Carmo, confirmou que pagava a escola do ex-coroinha e que cortou a ajuda quando Anderson deixou de trabalhar para ele. O ex-coroinha disse que era abusado pelo religioso desde os 14 anos.

Já o padre alemão Benedikt Lennartz, que foi denunciado na semana passada pelo Ministério Público Federal por pratica de pedofilia na internet, negou as acusações. Ele disse que quem usava o seu computador para receber e enviar fotos pornográficas de crianças e adolescentes era um ex-coroinha seu, que depois de formado passou a trabalhar para ele como contador. "Esse ex-coroinha se aproveitou da minha confiança, usou o meu cartão de crédito para fazer assinatura de sites pornôs e montar um site só para exibir fotos comprometedoras de crianças", acusou o alemão, sem dar maiores detalhes a respeito do seu ex-coroinha.
Fonte: Agência Estado