Filosofo do sertão
Cristina FamCaboclo do sertão tira uma de filosofo, seu descanso é cansado, acordou cedo apartou “separou” o gado, cuidou nas obrigações; domingo pra filosofar tirar sarro da preguiça, mesmo longe dos holofotes a vida disfarçada tristeza - pode ser real monta seu velho pangaré passa na casa da comadre escuta recomendação, é que sábado vendeu seu feijão barato, preparou a carne a moda do sertão envolveu-a nas folhas de velandre para perfumar e afastar os insetos, é o caboclo da Bananeirinha com sua sabedoria popular.
Hoje tem forró na roça do amigo ele leva seu instrumento musical, a camisa de seda presente que veio de São Paulo, já deixou a juventude pra trás há alguns anos, mas o coração sofre a dor de uma paixão.
Sua passada é curta e ligeira, tem olhar de moço esperto, embora os janeiros estejam adiantados, a família cresceu agora anda com o netinho na garupa do cavalo, passa seu amor pela flauta pro menino, la vai o zabumbeiro.
Tem opinião das coisas, fala baixo, espia dos lados, sorri elegante e educado, caboclo fino no trato, conhece a labuta, sofre calado, sabe que o sertão vive atrasado, fala do pouco que por aqui tem chegado, muito falta, a carência é vasta, sem preparação o povo passa necessidade, desconhece a intenção daqueles que prometeram a décadas solução pro sertão; conhece o sul abençoado, a natureza foi generosa pras bandas de baixo, porque o sertanejo sofre calado sem esperança do futuro promissor e farto.
Sua passada é curta e ligeira, tem olhar de moço esperto, embora os janeiros estejam adiantados, a família cresceu agora anda com o netinho na garupa do cavalo, passa seu amor pela flauta pro menino, la vai o zabumbeiro.
Tem opinião das coisas, fala baixo, espia dos lados, sorri elegante e educado, caboclo fino no trato, conhece a labuta, sofre calado, sabe que o sertão vive atrasado, fala do pouco que por aqui tem chegado, muito falta, a carência é vasta, sem preparação o povo passa necessidade, desconhece a intenção daqueles que prometeram a décadas solução pro sertão; conhece o sul abençoado, a natureza foi generosa pras bandas de baixo, porque o sertanejo sofre calado sem esperança do futuro promissor e farto.
Respira profundamente, sabe que o tempo corre rápido, tem certeza que deixará este pedaço de terra sem conhecer benfeitoria moderna, sem água na torneira nem luz de poste, é que chega perto, mas sua casa não foi escolhida pra tal graça.
Sua filha escolheu a cidade tem conforto, cansou de carregar água na cabeça, e fogo de lenha, tem ambição, mas paga caro o luxo da cidade.
Segura o copo com conhaque, não bebe qualquer coisa é sofisticado – chega carro – espia preocupado comenta a visita antecipada do homem avexado. Não gosta de ser incomodado, discreto ajeita nos beiços a flauta, solta melodia lembra-se do velho Luiz Gonzaga, faz referencia tem memória, solta o grito da Asa Branca em respeito as coisas boas do passado na voz do sertão.