O ALÉM
Espedito LimaAlém é o avesso daquilo que não tem frente e o lado oposto que fica atrás
O vaso quebrado que se lança ao lixo e a águra fria que banha o inverno
O porvir de um sonho que alguém viu e o olhar de um canto que nada soa
O ouvi da aurora que tudo faz e a terra que dela brota num balançarAcalentando a trizteza que se foi e o amargo do seu falar.
O além fica distante do que não se vê e próximo à porta do horizonte que não se abre
Não anima a coragem do viver nem ouve o gorjear de um pássaro que voa
Buscando seu ninho para acasalar a valsa que ecoa e nunca lembra o seu parar
Não leva consigo a esperança do amanhã nem cobra a volta do seu ficar
E esquece o rumo da solidão dando as mãos ao pranto que vai chorar.
Ele anima o ar que sopra sobre si e ajuda a chegada da saudade
Sustentando o pomar da natureza que esbanja a formousura da relva
Que lança o florir da primavera e agasalha o rosto do mar
Vigiando as ondas que bailam sem cessar e encobre a brisa do sol
Que encoraja a força do viver e desenha a alma do bem querer.
O além é a virtude da mansidão que leva a criatura a meditar
É o repouso dum cansaço que levita na labuta e fortalelce o prazer do esperar
Afrontando o peso da solidão e a busca do luar que vive só
Para alcançar a vontade de partir e abrir o túnel do abraçar
E vestí o hino que nina uma criança a enganando para dormir.
O além é o fim de um início que volta ao preente e brigou com o passado
Arranhou o escuro do ontem que buscou o amor para si
Foi correndo ao encontro do universo que lhe cobriu de paz
Conquistou o prêmio do coração que suspira arrancando do âmago o fôlego que abortou a contenda da disputa que enfrentou e fulminou a ira