ONDE ESTÁ O SANTO GRAAL
Jovino Fernandes
Arqueologia
Luciana Sgarbi
Pesquisadores fazem o mais detalhado estudo das versões do cálice de Cristo e concluem que o verdadeiro é o da catedral de Valência Luciana Sgarbi.
Quando a história sobre um determinado objeto atravessa o tempo - e, no caso, pensar em tempo significa traduzi-lo em milênios -, corre-se o risco de ela ir sendo aos poucos modificada. Pode tornar-se mais mítica, pode cada vez mais se cercar de mistérios.
Esse foi um dos princípios que nortearam os 150 cientistas que se reuniram na semana passada em Valência, na Espanha, para apresentar as suas mais recentes descobertas sobre o Santo Graal - segundo o Novo Testamento, um cálice de 17 centímetros de altura no qual Jesus Cristo tomou vinho em sua Última Ceia com os apóstolos.
Valendo-se de exames arqueológicos do material desse cálice, guardado a sete chaves na catedral de Valência, os pesquisadores afirmaram que o Santo Graal, muito provavelmente, de fato existiu, mas derrubaram lendas e mistérios que o foram envolvendo através dos séculos a ponto de transformá- lo em um símbolo quase inconsútil da religião católica.
"Sempre se acreditou em cenas pobres, como as dos discípulos sentados no chão e Jesus, entre eles, pregando. Da mesma forma, sempre se fez crer que o Santo Graal seria um simples e pobre cálice de barro. As análises desse cálice e o seu contexto histórico, no entanto, provam que as coisas não são bem assim", diz Vicente Martinez, um dos mais conceituados historiadores da Universidade de Valência. "Jesus escrevia em hebreu e era chamado de rabi (mestre, em hebraico). E freqüentava famílias de posses como a de Lázaro", diz ele.
"Temos de ter a coragem de admitir que a taça da Última Ceia não é de barro, é linda e rica, adornada com ouro e pedras preciosas." Ou seja: a taça luxuosa que desde 1428 está em Valência, a julgar pela tese desse pesquisador, tem mesmo grande chance de ser o legítimo Santo Graal.