12/03/2009

Oficiais investigarão PMs acusados de envolvimento em fraude

Fonte: Jaciara Santos / Redação CORREIO Foto: Evandro Veiga/CORREIO
O comando da PM enviou ofício à Secretaria de Segurança Pública solicitando o encaminhamento de toda a documentação referente ao inquérito que investiga o envolvimento de quatro oficiais na chamada fraude das viaturas. A documentação vai permitir à PM adotar as medidas necessárias à instauração de inquérito policial militar, procedimento que investiga internamente a participação de integrantes em atos ilícitos.

De acordo com o tenente-coronel André Sousa Santos, diretor adjunto do Departamento de Comunicação Social, os casos serão analisados em separado. O fato de a investigação envolver coronéis - a mais alta patente da PM - não chega a ser empecilho para um inquérito, explica o porta- voz.

No caso, a hierarquia será estabelecida pelo critério de antiguidade. A comissão de inquérito terá que ser formada por coronéis mais antigos em relação aos réus. O estatuto da corporação também prevê punição a militares da reserva remunerada, situação funcional dos coronéis Santana e Barbosa.

SSP tem prazo para mostrar resultado

A Secretaria de Segurança Pública tem 30 dias, até o dia 5 de abril, prorrogáveis pelo mesmo período, para concluir o inquérito que investiga a denúncia de fraude em processos licitatórios envolvendo a Polícia Militar e empresas fornecedoras.
O prazo está condicionado ao envio dos laudos da perícia que vem sendo realizada nos computadores usados pela quadrilha e na análise dos relatórios da movimentação financeira dos 12 suspeitos, que tiveram o sigilo bancário quebrado. Somente de posse desses documentos será possível aos delegados encarregados do caso produzirem o relatório final, que será enviado ao Ministério Público Estadual, a quem cabe oferecer (ou não) denúncia, dando seguimento às investigações, na esfera da Justiça criminal.

Responsável pela perícia dos computadores, o Departamento de Polícia Técnica não tem previsão de conclusão dos trabalhos, segundo a assessoria de comunicação. Evitando precisar o total de equipamentos apreendidos, o órgão informa apenas que 'são diversos os aparelhos e com funções variadas'. O exame das máquinas já teria começado, mas os técnicos não entram em detalhe sobre o tipo de pesquisa feita.

'Descanso para refazer as energias'

Um dia após deixar os locais em que estiveram custodiados sob regime de prisão temporária, os 12 acusados de envolvimento em processo licitatório fraudulento na Polícia Militar do Estado da Bahia evitaram nesta terça-feira (10) contato com a imprensa e mantiveram o silêncio. Embora tivessem anunciado, através do advogado Vivaldo Amaral, que fariam uma declaração conjunta, os três coronéis recuaram, atendendo a pressões familiares.

Mas ainda existe a possibilidade de os três oficiais virem a comentar o assunto, apresentando suas versões do caso. Na próxima semana, eles e Amaral se reúnem para definir a estratégia a ser utilizada pela defesa. Não está descartada a hipótese de uma entrevista para a imprensa, segundo o advogado. 'Agora, todos, inclusive eu, precisamos descansar e refazer as energias', despista o defensor.

(Reportagem publicada na edição impressa do CORREIO de 11 de março de 2009)