17/07/2009

Fonte azul
Cristina Fam
A quem interessar possa:

Qual fonte azul ilumina alameda no parque, solitária, calma, refrescante, convida silenciosamente para perto e, a água jorrando, logo à frente ou ao lado das colunas gregas. Não há espaço nem tempo, melhor dizer, sentar-se na praça já não é mais bonito de ver, seguro uma geração de medo ataca-os. Desejos, pudera outrora passar poder e, esperar, sentir as emoções; ainda é tarde, descobrir sentir olhar lá dentro da fonte azul, quem sabe na madrugada, com os mendigos, verdadeiros donos da fonte azul.

Tudo tão rico e pobre ao mesmo tempo, como entender, é uma sensação de força e medo, “eles” tem a fonte azul, jamais, em momento algum foi entregue tal propriedade, nem tirada, entretanto, inconsciente sabe lá no fundo que ainda lhe pertence, guarda.

O vizinho deixado, seu cobertor maltrapilho cobre conforme o frio que lhe bate, ainda que toda a força que lhe resta venha de uma única fonte; cósmica que desce, penetra nas entranhas restaura a força minguada, prepara, ainda que caia para mais uma jornada, a água jorra, os metais nobres dos quais o universo depositou em cada, refaz, e desfaz. É chegada a hora, é pontual, abre o olho sonolento, sorrir, conhece o trajeto, muitas vezes foi levado enviado de volta, não, não foi engano! Simplesmente foi deixado, outro em passo. Olha mais uma vez para o compadecido, vira a cabeça, suspira. Embora que não entenda, fica estendido.

Quando partir não saberá que o fez; foi ensaiado segue normal, realidade, tudo por fazer, desfaz, acrescenta, inventa dias com o toque da magia. Sentado em plena praça olhos plantados, observando-os com simpatia. Foi deixado, levado, busca tal passagem, passa; o chão nu de areia úmida da chuva que caiu na madrugada; o comum dia após a labuta “eles” passa cabisbaixo sem poder tocá-la, sem vê-la, mas, contudo, segue majestosa, iluminada, parada, debaixo do medo, mas, livre, nem tanto desconhece a liberdade, diante da indiferença, que é muito bem representada pelos medos “eles” têm o velho cenário, mas, ainda oculto dos tristes. Apagados sem registro, embora; atravancados sem a fonte azul. Segue nu segurado pelo aço, cada passo encravado.

Temes a fonte, negligencias a luz que dela sai, irradia, não poderás jamais, apagá-la, sim; tu temes, é sabido, ainda, que queiras a coberta do velho mendigo, pediste, imploraste, igual ao dono que dorme na praça, e sonha com a madrugada quente, o calor que o “outro” sente. Volta em meia, para aquecer os pés que não sente, a areia é fria, sem calor nem clamor da madrugada, nada será implorado ao menos deixado.