18/09/2009

Adormeci
Cristina Fam
A música entra acompanha passagem da vida adormece a tristeza desperta alegria, no destino suave que brinda com a mansa chuva, não se leva passageiro, solitário embora cercado, conto milagres adormeceu nos melhores braços, saudade encontro.

Escuto os sons da áfrica, suave e fresco vento voltando, murmurando lentamente sensualidade, sopro do nascimento apaixona, o amor é escolha, na terra; no rio que me leva ao oceano nas areias da deserta calmaria, tambores cadenciados das montanhas capim em balanço perfumado partiram chegando, mais velha ainda criança.

Chega o belo cigano hospeda esperança com rico tesouro na bagagem transportada com cuidado e carinho, parte da herança.
Senti sede, não era hora para despertar, esperar, olhava entre os véus do tempo. Por onde andou sentiu fragrâncias, ainda brilhava a luz da vela quando despertou sonolento, havia atravessado oceanos, a areia deixou para trás em solo fértil da áfrica banhado pelo majestoso rio.

Vejo-o na plataforma, o tempo correu é seu trem, também vai partir. Conheceu bela dona, amando-a desde o principio, gerou a prole, mas, foi resgatado ele seguindo-a para nunca mais voltar. O destino os fez órfãos espalhados, geraram em outras terras.

O menino homem cresceu solitário, ganhou asas, pousou onde a esfinge vigia, impotente gasta pelo tempo espia todas as manhãs o sol levantar, decidiu que ali seria seu novo lar. Antiga esfinge da Santa Cruz guarda segredos, olhando para o nascente, também mira o oriente.

As cordas de um violão que chora melodia solando respirando na direção do vento que sai da caverna, bela igual ao toque da seda, o piano desperta coração do nascimento, chegando, o brinco de ouro na orelha do cigano elegante olha e parte, segue para outra estação, faz muito tempo é o nascimento da herança trazida o cuidado da descendência.

Chega o orvalho molhando a madrugada da minha querida cidade, atravesso a rua deixo-a adormecida, busco o calor do leito aconchegante, momento de descanso, o coração cuidadoso partilhando o amor, acordou e nasceu para a vida que foi regalada, também voltou acolhida e amada em braços quentes dedos apertados, tudo isso foi dado.

A melodia flutua entre a paz e alegria adormeceu em boa companhia, suavidade em ritmo da vida que é cantada em versos clássicos, de onde veio herdou no sangue à areia do deserto. Renasceu no sertão sertanejo, entre cactos e areia semelhante deserto, rio vermelho que banha, a pedra que um dia chorou, o mar secou, ficou a lagoa salgada.


Historia da família: Carola e Miguel e seus filhos.
Em sonho, como cheguei aqui.