04/05/2010

Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – 48ª Assembléia Geral

- Comunidades Eclesiais de Base, a questão agrária no Brasil, e provavelmente crise na Igreja, dentre outros, serão objetos de discussão –

Texto: Francisco Assis Melo
Crédito: Nuncio Apostólico
Iniciou-se nesta terça-feira, 04 de maio, estendendo-se até o dia 13, em Brasília, a 48ª Assembléia Geral dos Bispos da Brasil, reunindo mais de 300 bispos e uma centena de assessores e convidados.

A Missa inaugural da Assembléia foi presidida pelo Núncio Apostólico dom Lorenzo Baldisseri e concelebrada pelo Arcebispo de Mariana e presidente da CNBB dom Geraldo Lírio Rocha e pelo Arcebispo de Brasília dom José Braz de Aviz, às 7 horas, no Santuário Dom Bosco.

Este ano o tema da Assembléia será “Discípulos e Servidores da Palavra de Deus e a Missão da Igreja no Mundo”, e à luz deste eixo central serão discutidos alguns temas prioritários , com destaque o que trata das Comunidades Eclesiais de Base, assim como a avaliação das Diretrizes Gerais da Igreja no Brasil (DGAE) e da Missão Continental, a questão agrária no Brasil e os 100 anos do Movimento Ecumênico.

As Assembléias Gerais da CNBB têm sido, ao longo de sua história, acompanhadas com grande interesse, pois sempre são debatidos temas que repercutem positiva e decisivamente na vida eclesial, e muitas vezes na sociedade como um todo. E esta quadragésima oitava, a primeira desde que se abateu sobre a Igreja a crise a partir das denúncias de envolvimento de clérigos em casos de abusos de menores, certamente despertará um interesse especial.

Embora não conste oficialmente (ao menos não houve divulgação) da pauta, certamente que o tema deverá ser objeto de discussões. Ocorre que os temas a serem debatidos e deliberados pela Assembléia são preparados com antecedência, por diversas Comissões e Grupos de Estudos, anteriores aos acontecimentos.

Não por acaso a mensagem lida pelo Núncio Apostólico, na homilia da Missa de Abertura, menciona os fatos lamentáveis envolvendo clérigos e a exploração da imprensa de forma injusta, tentando envolver o próprio Papa e outras autoridades eclesiásticas, ao tempo em que deixa clara a posição da Santa Sé de que sejam adotadas medidas imediatas de punição aos que cometeram crimes, por seus Superiores, e a Igreja sofra um processo de purificação e penitência.

E na saudação que fez aos participantes o presidente da CNBB, dom Geraldo Lirio Rocha, reafirmou a posição da Igreja do Brasil de perfeita comunhão com o Santo Padre Bento XVI, não somente na solidariedade mas sobretudo no enfrentamento dessas questões.

Logo, a expectativa é de que o tema seja discutido, evidentemente não como muitos gostariam, escancaradamente para que se torne objeto de exploração midiática, mas com a serenidade e equilíbrio próprios de homens de Deus, seguindo o exemplo do próprio Papa no trato dessas questões. A Carta do Papa aos católicos da Irlanda e as orientações da Santa Sé exigem, como deixou claro dom Baldisseri na homilia da Missa inaugural, atitudes imediatas dos Bispos na punição dos culpados.

Outro ponto a ser considerado é que haja uma ação preventiva para que situações que por ventura existam, em “estado de hibernação”, não venham a despertar mais adiante causando novos sofrimentos à Igreja. Isto passa, inevitavelmente, pela reflexão dos nossos Bispos sobre os quais pesa, essencialmente, a responsabilidade da formação sacerdotal nos Seminários que mantêm em suas Dioceses. Suas atitudes presentes, que exigirão coragem, determinarão o futuro do sacerdócio e da Igreja. O cumprimento das Instruções da Congregação Para A Educação Católica, publicada em 05 de novembro de 2005, já no pontificado de Bento XVI, e outros documentos afins sobre a formação sacerdotal, mais do que nunca exigem especial atenção.