28/07/2013

Manifestantes quebram imagens de Nossa Senhora em Copacabana
Fonte: Globo.com

Grupo protesta contra a Igreja quebrando imagens sacras Marcelo Tasso / AFP


RIO - Manifestantes que participam da "Marcha das Vadias" na tarde deste sábado quebraram imagens sacras na Praia de Copacabana, onde milhares de peregrinos aguardam o início da vigília da Jornada Mundial de Juventude (JMJ). A ação partiu de um casal que estava pelado, tampando os órgãos sexuais com símbolos religiosos, como um quadro com a pintura de Jesus Cristo. Esculturas de Nossa Senhora Aparecida e Nossa Senhora de Fátima foram destruídas. Em um ponto do protesto, eles juntaram cruzes, jogaram camisinhas em cima e começaram pisar nos artigos religiosos. Um dos manifestantes chegou a botar um preservativo na cabeça de Nossa Senhora. 

A Marcha das Vadias seguiu do Posto 5, em Copacabana, para Ipanema. A aproximadamente 2,5 quilômetros da casa do governador Sérgio Cabral, um pequeno grupo tentou convencer manifestantes a caminharem até a residência do governador Sérgio Cabral, no Leblon, mas a passeata acabou voltando para Copacabana. Um grupo chegou a protestar em um local próximo a hospedagem da Comitiva do Vaticano, e seguiu em direção à Avenida Princesa Isabel. Os manifestantes chegaram até o cruzamento da Avenida Prado, e após um acordo com a Força Nacional, terminaram o protesto de maneira pacífica por volta das 23h. Segundo a Polícia Militar, o ato chegou a reunir mil pessoas.
 
As integrantes do movimento fazem críticas ao Papa Francisco, à Igreja e ao governador do Rio, Sérgio Cabral. Elas gritam frases como "A verdade é dura, Papa Francisco apoiou a ditadura", "Não é mole não, a igreja apoiou a inquisição", e "Cabral, chuta que é macumba". Vestidas de biquini e sutiãs, a maioria das manifestantes utilizavam adornos em forma de diabinhos, enquanto outros usavam máscaras. Quando manifestantes tentaram se aproximar do palco da Jornada Mundial da Juventude, foram impedidos por agentes da Força Nacional, que montaram uma barreira humana nas areias da praia. Os fiéis, do outro lado, respondem, rezam, e alguns até tiram fotos.


— A juventude tem direito de protestar, mas o que está rolando é um desrespeito com o movimento dos outros. Cada um tem seu espaço — reclamou a peregrina Mariana Dutra, de 18 anos, do Mato Grosso.


Pela tarde, ao se deparar com o protesto, peregrinos confrontaram a passeata cantando "Esta é a juventude do Papa", frase que virou uma espécie de grito de guerra dos jovens. Um grupo de argentinos decidiu passar pelo meio da manifestação. Manifestantes responderam gritando palavras de ordem, como frases a favor da camisinha. Alguns católicos que passavam pelo local criticaram o movimento.


— Acho um desrespeito. Eles poderiam fazer em outro lugar ou em outro momento. A JMJ é um momento nosso — disse Júlia de Moura, de 17 anos.


A passeata deixou o Posto 5, onde estava concentrada, por volta de 15h, com 450 pessoas, que se misturavam aos peregrinos. Bandeiras do movimento LGBT e de partidos políticos podiam ser vistas com o grupo. Algumas manifestantes levavam cartazes com frases como "Meu corpo não pertence à Igreja" e "Sou cristão e apoio a Marcha das Vadias", enquanto outras exibem os seios nus.


Apesar das imagens quebradas, o clima entre manifestantes e católicos, no entanto, é tranquilo. Muitos peregrinos não se dizem incomodados com a manifestação. Enquanto a passeata seguia, três senhoras rezavam com terços na mão. Eulália Cabral, de 56 anos, chegou a abraçar alguns manifestantes. Ela disse que não estava constrangida com o ato:


— Vim para ver o Papa, acabei vendo a manifestação. Não tenho nenhum constrangimento. Vivemos em país democrático. Eles são livres para se manifestarem. A causa é válida, mas não acho que isso tem que ser feito dessa forma. Continuarei aqui rezando. A minha fé não se abala.


Marco Rocha, que integra o grupo da "Marcha das Vadias", disse que foi "super bem tratado" pelos peregrinos, que até foto fizeram deles:


— A marcha acontece todos os anos em Copacabana nesta mesma data. Este ano foi cancelada por conta da JMJ. Mas resolvemos vir mesmo assim.

O grupo “Católicas pelo Direito de Decidir”, favorável à "Marcha das Vadias", distribuía uma carta aberta ao Papa Francisco chamada "Queremos uma nova Igreja".


— A gente segue o legado de Jesus Cristo, ele pregava a vida. Somos a favor do direito reprodutivo e da vida das mulheres. A maioria das mulheres que sofrem aborto são católicas, temos que preservá-las — afirma Valéria Marques, uma das organizadoras do movimento.


Manifestantes justificaram a passeata bem no momento da realização de um evento católico. Alexia Ferreira, de 27 anos, explica que a intenção do protesto é incentivar o debate:


— Não se prode promover um evento com uma única ideia. O ato é uma tentatativa de diálogo.


Joana Moraes, de 22 anos, também defendeu a "Marcha das Vadias":


— Não queremos confronto, tanto é que a organização da passeata decidiu ir na direção contrária dos peregrinos.


Princípio de confusão em protesto após a Via Sacra


Nesta sexta-feira, um protesto após o término da Via Sacra, realizada na Avenida Atlântica, teve um princípio de confusão depois de um manifestante, exaltado, discutir com um policial que tentava revistá-lo. O protesto começou por volta das 17h, quando um grupo de 50 pessoas se reuniu em frente à estação Cardeal Arcoverde com faixas e cartazes contra o governador Sérgio Cabral.


À noite, quando o número de manifestantes já tinha subido para cerca de 300 pessoas, o grupo seguiu pela Barata Ribeiro em direção à Avenida Atlântica. Lá, cerca de 70 homens da Força Nacional formaram um cordão de isolamento para impedir a passagem dos manifestantes na orla. Um grupo chegou a tentar invadir a área reservada para a imprensa, mas foi impedido pela polícia.


Sob chuva, o grupo seguiu pela Avenida Nossa Senhora de Copacabana em direção a Ipanema, mas depois deu meia volta. Eles atravessaram o Túnel Velho e entraram em Botafogo, seguindo em direção à Lapa. Fiéis que assistiram à encenação da Via Sacra na Praia de Copacabana tentam desviar do caminho do protesto, que terminou de forma pacífica.