24/08/2013

SÍTIO DO QUINTO NA REVISTA CARTA CAPITAL
Fonte: joilsoncostas / informação Revista Carta Capital
Quando, no meio da noite, um ho­mem bateu à porta do posto de saúde de Sítio do Quinto, município baiano a cerca de 400 quilômetros de Salvador, a técnica de enfermagem Maria Elba Felício Sales tremeu. O homem vinha com uma faca atravessada no pes­coço. Em pânico, ela pressionou com for­ça o ferimento, mas o sangue continua­va a vazar. Além dela, só o vigia ainda es­tava no posto. "Gritei para ele me acudir, mas o homem estava desmaiado. Valei-me, Deus, pedi ajuda na rua. Um técnico de en­fermagem me acudiu. Mas num teve jei­to não", relembra, enquanto atende uma idosa petrificada com a história. Nem mes­mo as duas moscas pousadas na testa in­comodam a paciente.

Três anos após o episódio funesto, a saúde pública piorou na pequena cida­de de 12.592 habitantes e chão de paralelepípedos cobertos por lama seca. Naquela noite, não havia um plantonis­ta no posto. Atualmente, exceto às quintas e sextas, quando um doutor aparece em Sítio do Quinto, é impossível encon­trar um médico. A população conta ape­nas com enfermeiros.

As casas de fachada simples que avan­çam sobre ruas inclinadas e sem calçadas refletem a pobreza local onde a renda mé­dia domiciliar per capita é de apenas 219 reais. No meio do Semiárido baiano. Sítio do Quinto tem poucos atrativos e muitas necessidades. A exemplo de diversas cida­des de perfil semelhante, integra a lista de municípios prioritários do programa Mais Médicos do Ministério da Saúde, lançado em julho para diminuir o déficit de pro­fissionais no interior e nas periferias das grandes cidades do País. Matéria da Revista Carta Capital.