SÍTIO DO QUINTO NA REVISTA CARTA CAPITAL
Fonte: joilsoncostas / informação Revista Carta Capital
Quando,
no meio da noite, um homem bateu à porta do posto de saúde de Sítio do Quinto,
município baiano a cerca de 400 quilômetros de Salvador, a técnica de
enfermagem Maria Elba Felício Sales tremeu. O homem vinha com uma faca
atravessada no pescoço. Em pânico, ela pressionou com força o ferimento, mas
o sangue continuava a vazar. Além dela, só o vigia ainda estava no posto.
"Gritei para ele me acudir, mas o homem estava desmaiado. Valei-me, Deus,
pedi ajuda na rua. Um técnico de enfermagem me acudiu. Mas num teve jeito
não", relembra, enquanto atende uma idosa petrificada com a história. Nem
mesmo as duas moscas pousadas na testa incomodam a paciente.
Três anos
após o episódio funesto, a saúde pública piorou na pequena cidade de 12.592
habitantes e chão de paralelepípedos cobertos por lama seca. Naquela noite, não
havia um plantonista no posto. Atualmente, exceto às quintas e sextas, quando
um doutor aparece em Sítio do Quinto, é impossível encontrar um médico. A
população conta apenas com enfermeiros.
As casas
de fachada simples que avançam sobre ruas inclinadas e sem calçadas refletem a
pobreza local onde a renda média domiciliar per capita é de apenas 219 reais.
No meio do Semiárido baiano. Sítio do Quinto tem poucos atrativos e muitas
necessidades. A exemplo de diversas cidades de perfil semelhante, integra a
lista de municípios prioritários do programa Mais Médicos do Ministério da
Saúde, lançado em julho para diminuir o déficit de profissionais no interior e
nas periferias das grandes cidades do País. Matéria da
Revista Carta Capital.