MEU
JERE (moabo) – Espedito Lima
MEU JERE!
Eu hoje vim aqui, no teu monte, na tua serra, do cavaleiro, do vaqueiro e da cruz, do Chico e do gato, contemplar-te, te ver e recordar:
Do teu tempo de criança, do teu primeiro caminhar, do teu chorar e do teu sorri;
Da época das tuas casas de taipa com chão batido e cores da cal ou coloridos rústicos;
Das tuas olarias, a fabricarem adobes, tijolos, ladrilhos e telhas, agora, para residências mais avançadas, com o uso das carnaubeiras, para sustentação de caibros, ripas e cobertura;
Dos teus casarões, revestidos, às suas frentes, com azulejos coloridos e de origem portuguesa;
Das tuas cozinhas com fogão de lenha, sobre trempe, panela de barro com carne e feijão, a chaleira com água fervendo e o café torrado no velho caco;
Dos barris com água sobre o lombo do jumento, apanhada lá nos cajueiros ou da caixa-d’água, para encher banheiros, potes, porrões e moringas;
Das roças, de mandioca e aipim, batata, de milho, feijão e arrozal ao teu redor;
Da lama, na rua, passeios e calçadas nos meses do inverno - maio, junho, julho e agosto e no verão, nas trovoadas, seu rio cheio, o vaza dos barris e irapiranga ou vermelho;
Do seu povo sempre hospitaleiro, guerreiro, amigo e ordeiro;
Das tuas festas, na cidade e no interior, com reza, novenas, festejos e casamentos arranchados;
Da tua casa de força, de onde era gerada sua energia, para te alumiar e te fazer mais bonita ao seu estilo de cidade interiorana;
Dos piqueniques aos domingos e feriados, nos sítios ou na beira dos seus próprios rios;
Da espera o ano inteiro, de sua grande festa, a do seu padroeiro, de João, o Batista, o grande precursor, do Deus que é verdadeiro, com ramo, leilão zabumba, noiteiros, alvoradas, girândolas, fogos de vara, bolo, canjica, pamonha e milho assado;
Dos seus natais, com pastoril disputado entre o azul e encarnado, com fervor e muito brio;
Dos seus bailes na filarmônica, freqüentada pela sua sociedade, a elite antiga, animados pela banda 24 de junho, formada por rapazes, moços e velhos, inclusive alfaiates;
Suas vendas, seus botecos, sua feira livre e seu grande mercado em estilo colonial, bela obra, literalmente destruída;
Das aves que encantavam sua cidade, com sua sonorização, pelas manhãs e tardes, principalmente as cigarras, além das andorinhas que se aninhavam na sua igreja matriz;
Seus patos a atravessarem suas artérias, como se fossem verdadeiros transeuntes, em passos lentos, calculados, como a desfilarem civicamente em dia solene;
Seus carros de boi, com o zunido de suas rodas, de madeira e circundadas por aros de ferro, a passar pela tua cidade, pelas manhãs e tardinhas, transportando quase tudo.
AH, MEU JERE!
Também recordo:
Que fostes das cruzadas e das missões, dos intendentes, coronéis e capitães;
Dos bravos e inteligentes, da música e poesia, como também assim, um exímio orador, da velha freguesia;
Seus missionários que viviam com seus índios e que não foram, da velha igreja, seus incendiários;
Dos que jamais ousaram um dia, serem varões da covardia, abraçaram sempre a vitória, que com honra e glória, festejavam sua história;
Dos parques e dos circos, partidas de futebol, do cinema e matinês, nas tardes dos seus domingos;
Das serestas pelas madrugadas, com seus velhos cancioneiros, dos grandes violonistas, que sempre foram seus parceiros;
Do seu estábulo, na entrada da tua cidade, lá na corrente, é verdade, que saudade que agente sente, é um passado que se foi, mas continua no presente;
Dos seus regos e riachos, da sua pedra furada com frondosas árvores, muito aconchegante e bastante procurada;
És tu, a nossa terra, nosso colosso, nosso rincão, nosso berço, nosso pai e nossa mãe, nosso cunhado e nosso irmão;
Nosso sobrinho, nosso genro, nosso sogro, nossa sogra e nossa nora, o marido e a mulher, a casa onde vivemos, o torrão onde moramos, nosso novo e nosso velho, aquele a quem tanto amamos.
O seu hino lhe encanta, sua bandeira te acalenta e seus brasões lhe fortalecem, pelo teu povo és honrado e por todos os seus filhos exaltado, no presente e no passado.
Por fim,
Salve!
Ó terra da Jerimum e da Jurema, do teu 06 (seis) de julho, comemorado todos os anos, desde 25, com muito brilhantismo e orgulho.
Também recordo:
Que fostes das cruzadas e das missões, dos intendentes, coronéis e capitães;
Dos bravos e inteligentes, da música e poesia, como também assim, um exímio orador, da velha freguesia;
Seus missionários que viviam com seus índios e que não foram, da velha igreja, seus incendiários;
Dos que jamais ousaram um dia, serem varões da covardia, abraçaram sempre a vitória, que com honra e glória, festejavam sua história;
Dos parques e dos circos, partidas de futebol, do cinema e matinês, nas tardes dos seus domingos;
Das serestas pelas madrugadas, com seus velhos cancioneiros, dos grandes violonistas, que sempre foram seus parceiros;
Do seu estábulo, na entrada da tua cidade, lá na corrente, é verdade, que saudade que agente sente, é um passado que se foi, mas continua no presente;
Dos seus regos e riachos, da sua pedra furada com frondosas árvores, muito aconchegante e bastante procurada;
És tu, a nossa terra, nosso colosso, nosso rincão, nosso berço, nosso pai e nossa mãe, nosso cunhado e nosso irmão;
Nosso sobrinho, nosso genro, nosso sogro, nossa sogra e nossa nora, o marido e a mulher, a casa onde vivemos, o torrão onde moramos, nosso novo e nosso velho, aquele a quem tanto amamos.
O seu hino lhe encanta, sua bandeira te acalenta e seus brasões lhe fortalecem, pelo teu povo és honrado e por todos os seus filhos exaltado, no presente e no passado.
Por fim,
Salve!
Ó terra da Jerimum e da Jurema, do teu 06 (seis) de julho, comemorado todos os anos, desde 25, com muito brilhantismo e orgulho.