O VOTO
Texto: Espedito Lima
E lá vão eles (CANDIDATOS). Param
aqui e acolá: abraçam um (a), abraçam outro (a), crianças, adolescentes,
idosos; falam no chão, em cima de carro, de carroça, em palanque, etc
Prometem, criticam, falam mal, choram,
mentem, elogiam e por aí vai, ou melhor, vão.
E lá vão eles (ELEITORES), atrás
deles (CANDIDATOS). Aplaudindo, pedindo, esperando doações dos doados,
esperançosos, desiludidos, xingando, sorrindo, cantando, dançando.
E lá vão eles (CANDIDATOS). Desarmados, investindo no claro e no escuro,
implorando, explorando, mendigando, discutindo, se unindo, se separando,
rompendo, negociando.
E lá
vão eles (ELEITORES). Literal e fortemente armados, mas não sabem, não
aprenderam e nem querem aprender a manusear sua arma e, quando
involuntariamente pensam em usá-la, o projétil termina voltando para si mesmos.
Esta arma é o (VOTO). Uma escopeta, rifle, metralhadora, míssil. E a guerra é
vencida por aqueles que deveriam ser derrubados, destruídos completamente. Mas
a arma torna-se obsoleta e incapaz de ver, quanto mais atingir o alvo. O que
sai dela vai e volta como um ébrio que se esqueceu do caminho de sua própria
residência.
Tristes
“mentes”; que tanta inteligência sem sabedoria, uma mera mercadoria, um objeto
qualquer, um branco no escuro e o escuro no marrom misturado com cinza. É a
ciência da inconseqüência, o descalabro dum comportamento vil. Que tanta
inerciedade.
Até
quando?
Como
exigir, como reclamar?
Haja
insensibilidade; que quanta ignorância letal. Abramos os olhos, destapemos os
ouvidos e saibamos usar os dedos para digitarmos as letras da verdadeira
independência; façamos da urna uma ratoeira que pode liquidar os ratos e
varramos o terreiro para recebermos bem os que se propõe a vestirem-se com tecidos
de linho fino e embranquecidos.
Lavemos
nós mesmos e enxuguemos nossas mãos, fazendo sair delas o sangue da nossa culpa
e o pesadelo da incoerência, que nos leva ao princípio do suicídio cívico,
patriótico e democrático. Sejamos os tutelares de nós mesmos e lutemos pela
conquista de uma vitória soberana, presente, progressista e futurista.
Sejamos o real e legítimo VOTO e saibamos VOTAR. Não o DESTRUAMOS. A validade dele é de 04 (quatro) anos, se lembre.