Jeremoabo:
Cemave finaliza censo 2014 da Arara-azul-de-Lear
Fonte: canudosacontece:Informação: ICMBio
Pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa e
Conservação de Aves Silvestres (Cemave) realizaram mais uma contagem da
população de araras-azuis-de-Lear (Anodorhynchus leari) na região do Raso da
Catarina (BA), em novembro passado. A atividade faz parte do projeto de
monitoramento populacional e permite que os pesquisadores possam avaliar a
condição da população e o trabalho de preservação da espécie.
O resultado do censo estima que existam 1.294
araras-azuis-de-lear distribuídas em sete municípios do nordeste baiano, numa
área de oito mil quilômetros quadrados. Diferentemente dos censos anteriores, a
contagem atual foi realizada em 12 pontos da região, incluindo os paredões
conhecidos como Serra Branca e na Toca Velha. O monitoramento foi ampliado
ainda para os locais que eram utilizados pelas aves como dormitório – na região
das barreiras, município de Canudos, e outro na terra indígena dos Pankararés,
município de Glória.
Sobre a espécie
A arara-azul-de-lear vive em bandos e utiliza para
descanso e reprodução os paredões rochosos de arenito-calcário localizados em
dois sítios protegidos, a Serra Branca, localizada na região sudoeste da
Estação Ecológica (ESEC) do Raso da Catarina, no município de Jeremoabo; e a
Toca Velha na Estação Biológica de Canudos, de propriedade da Fundação
Biodiversitas, no município de Canudos. A espécie se reproduz apenas nas
cavidades naturais dos paredões. A época reprodutiva vai de setembro a julho,
quando os últimos filhotes saem dos ninhos. Um mesmo paredão que contenha
diversas cavidades pode abrigar vários casais em atividade reprodutiva e em
cada cavidade podem ser criados de um a três filhotes por temporada.
A degradação do ambiente (desmatamento, queimadas e
mineração), a falta de alimentos (especialmente os frutos de licuri, palmeira
típica da região) e o tráfico de animais colocaram a espécie na situação de
Criticamente em Perigo (CR) pela União Internacional para a Conservação da
Natureza (IUCN), em 2008. Saiba mais sobre a espécie.
Recuperação da arara-azul-de-lear
Para reverter a situação e promover o aumento
populacional da espécie, o ICMBio, através do Cemave, coordena o Plano de Ação
Nacional (PAN) para a Conservação da arara-azul-de-lear, desde 2011.
O PAN foi elaborado com a participação de 46
representantes de 29 instituições, incluindo o poder público e privado, ONG’s,
instituições de ensino e pesquisa e sociedade civil, envolvidas direta ou indiretamente
com a conservação da espécie. Atualmente, a classificação da espécie melhorou
para Em Perigo (EN).
“A população dá sinais de recuperação, com a
ocupação de locais anteriormente utilizados pelas aves no passado. No entanto a
destruição e alteração do seu habitat põe em risco todo o esforço feito até o
momento, caso medidas para conter esses impactos não sejam adotadas”, explica o
coordenador substituto do Cemave, Eduardo Araújo.
“O trabalho envolve a geração de conhecimento e
monitoramento constante sobre a espécie, combate ao tráfico e um trabalho, já
consolidado, de envolvimento da comunidade local em projetos de geração de
renda que agrega práticas sustentáveis visando a melhoria na qualidade de vida
da comunidade local”, conclui Araújo.
Parceiros do censo
A atividade contou com a participação de
colaboradores do Plano de Ação Nacional (PAN) para Conservação da
Arara-azul-de-lear, técnicos da Fundação Biodiversitas e voluntários
selecionados e treinados em maio do ano passado para o Programa de
Voluntariado, promovido em conjunto entre o Cemave e a Estação Ecológica (Esec)
do Raso da Catarina (BA).
“O trabalho de voluntário significa muito. A
experiência é vasta de oportunidades”, declara Mirian Lima, estudante de
Agronomia da Faculdade do Nordeste da Bahia (FNB) e integrante do Programa de
Voluntariado do Cemave/ESEC Raso da Catarina.
“Saber que a nossa região tem um grande potencial
de preservação ambiental. É bom saber que estou ajudando a manter essa riqueza,
que é tão grande e bela”, conclui a estudante.
O censo e o Programa de Voluntariado têm apoio da
Fundação Biodiversitas, da Serra Branca Leari Foundation e do Seguro de
Cobertura Familiar (Secof). Conheça o PAN
Cemave
O Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves
Silvestres (Cemave) é um dos 11 Centros geridos pelo ICMBio, com atuação em
todo território brasileiro e sede localizada na Floresta Nacional Restinga de
Cabedelo.
O Cemave coordena um programa nacional de marcação
de aves na natureza (Sistema Nacional de Anilhamento de Aves Silvestres – SNA)
com anéis numerados (ANILHAS), o maior do gênero na América Latina.
Também é responsável pela avaliação do estado de
conservação das aves brasileiras e pela elaboração e coordenação de Planos de
Ação Nacionais (PAN) que atuam na conservação de aves brasileiras ameaçadas de
extinção e das aves migratórias.
Autor: ICMBio
|