Os últimos esforços para salvar brasileiro do
fuzilamento
Fonte:http://www.msn.com
Dita Alangkara/AP O brasileiro Rodrigo Gularte, condenado à morte na Indonésia
São
Paulo – Condenado à pena capital na Indonésia por tráfico de drogas, o
brasileiro Rodrigo
Gularte, de 42 anos, pode ser fuzilado a qualquer momento a partir
de terça-feira ou quarta-feira. Com a iminência da execução, a família do
paranaense e o governo brasileiro lançam mão dos últimos esforços para livrá-lo
da morte.
Uma das últimas
esperanças de Gularte são dois
laudos médicos que o diagnosticaram com esquizofrenia. A doença
poderia poupá-lo do fuzilamento, porém, o governo indonésio se recusa a reconhecer
o diagnóstico.
Sem um posicionamento
do país asiático sobre as condições de saúde do brasileiro, a defesa de Gularte
entrou na semana passada com mais um recurso na Justiça.
Desta vez, além de
pedir que o brasileiro seja considerado mentalmente incapaz, os advogados
solicitaram que sua guarda seja entregue à sua prima, Angelita Muxfeldt, que
está na Indonésia.
No entanto, três dias
após o pedido, Gularte foi notificado sobre sua execução. O comunicado veio no
sábado (25). Pelas regras locais, ele pode ser fuzilado a partir de 72 horas
depois do aviso, prazo que termina entre hoje e amanhã, segundo o Itamaraty.
Em mais uma tentativa
de reverter a decisão, o Ministério das Relações Exteriores enviou hoje uma
nota ao governo indonésio. Nela, o Itamaraty classifica como “inaceitável” a
possibilidade de execução do brasileiro e lamenta que a notificação tenha
ocorrido antes mesmo de uma decisão sobre o último recurso da defesa de
Gularte.
O texto foi divulgado
pelo jornal
Folha de S.Paulo. Contatado, o Itamaraty confirmou o teor do
documento, mas disse que não faria uma divulgação oficial.
Delírios
De acordo com relatos
de familiares à BBC
Brasil, Rodrigo Gularte reagiu à notificação sobre sua execução de
forma delirante e se recusou a fazer os três últimos pedidos a que teria
direito. Parentes dizem que o paranaense fez “declarações desconexas” ao saber
da notícia.
A família afirma
ainda que o paranaense passa seus dias falando com as paredes e ouvindo vozes.
Parentes relatam que o brasileiro está sempre usando um boné com a aba virada
para trás – segundo ele, é sua proteção.
Gularte foi detido em
2004 ao tentar entrar na Indonésia carregando 6 kg de cocaína em pranchas de
surfe. Desde então, teve seus pedidos de clemência negados pelo país asiático,
mesmo após a intervenção da presidente Dilma Rousseff. O ex-presidente Lula
também chegou a interceder no caso.
Fuzilamento
O
paranaense não é o primeiro brasileiro condenado à morte por tráfico de drogas
na Indonésia. Em de 18 de janeiro deste ano, o brasileiro Marco
Archer Cardoso Moreira foi fuzilado junto com outros cinco condenados por
tráfico.
A Indonésia tem uma
das legislações mais duras do mundo contra o tráfico de drogas. O argumento é
que o crime prejudica as novas gerações do país.
No final do ano
passado, o presidente do país, Joko Widodo, assumiu o cargo com um duro
discurso contra o tráfico de drogas. Ele anunciou que negaria todos os pedidos
de clemência feitos por traficantes condenados à morte no país. A pena capital
tem grande aceitação da população local.
A execução na
Indonésia é feita por fuzilamento. Doze soldados atiram com rifles no peito do
condenado, sendo que apenas duas armas são carregadas. Caso a pessoa sobreviva,
leva um tiro na cabeça.
Se Gularte e Moreira
tivessem cometido o mesmo crime no Brasil, teriam sido condenados a, no máximo,
15 anos de prisão, pena que poderia ser reduzida por bom comportamento.