EPISÓDIO DO FALSO DECRETO EXIBE A ESCULHAMBAÇÃO NO GOVERNO
Fonte:http://www.tribunadainternet.com.br/
Carlos Newton
Foi rapidamente removido para baixo do
tapete o escândalo do falso decreto que dava mais poderes ao ministro da Defesa
e esvaziava os três comandantes das Forças Armadas. Enquanto as autoridades se
comportam como se não tivesse acontecido nada e agradecem o silêncio obsequioso
da grande mídia, o episódio, pela gravidade de que se reveste, serve de
excelente exemplo da esculhambação que hoje marca o dia a dia da política
brasileira.
Não
é cabível acreditar que, no estratégico Ministério da Defesa, seja possível que
uma funcionária pública de segundo escalão (na ausência do ministro Jaques
Wagner, que estava em viagem à China) resgate uma sugestão de decreto que jazia
engavetada há três anos, falsifique a assinatura de um comandante militar,
depois convença a presidente da República a assinar o documento, e por fim
mande publicar o decreto no Diário Oficial da União, sem ordem do ministro, e
nada lhe aconteça.
Como
o assunto virou escândalo, o ministro e a presidente da República disseram que
não sabiam de nada. Mas o comandante da Marinha, almirante Eduardo Bacellar,
fez questão de denunciar que não assinou o decreto, e a presidente da República
então foi obrigada a voltar atrás e mandou o ministro Wagner assinar
uma errata do decreto, para restabelecer os poderes dos comandantes
militares.
WAGNER E DILMA MENTIRAM
O
ministro Jaques Wagner e a presidente Dilma Rousseff evidentemente mentiram, ao
dizer que não sabiam de nada. É claro que eles combinaram baixar o decreto
quando Wagner estivesse ausente, para não desgastá-lo perante as Forças
Armadas. E o ministro Aloizio Mercadante também participou da patética manobra,
porque nenhum decreto é assinado e publicado sem conhecimento da Casa Civil.
Portanto,
é ingenuidade achar que a secretária-geral da Defesa, Eva dal Chiavon, tenha
tomado a iniciativa de desengavetar o decreto sem aprovação do ministro e
tomado todas as providências necessárias para que fosse aprovado e entrasse em
vigor. Se ela tivesse feito tudo isso sem autorização, é claro que já teria
sido demitida.
Neste
festival de mentiras, só escapa o almirante Eduardo Bacellar, que seguiu
afirmando não ter assinado o decreto. Ninguém teve coragem de desmenti-lo e
tudo vai ficar por isso mesmo, nessa república felliniana, onde la nave va, sem
ninguém no comando.
PS – Na edição de ontem aqui da
Tribuna, publicamos a foto do número 2 do Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra, Francisco dal Chiavon, marido da secretária-geral da Defesa, Eva dal
Chiavon. Ao ver a foto, o comentarista Jorge Conforte não se conteve e afirmou: “Este cara não tem nenhuma aparência de que algum dia na sua vida pegou
num cabo de uma enxada”. Realmente,
dá para notar que no Brasil, depois de 13 anos de governo do PT, até a
liderança do MST agora é de elite. Reparem a foto.
Eva dal Chiavon