05/02/2024

 HISTÓRIA DE VIDA. “ADEUS AO PAI ILUSTRE: LEMBRANÇAS DE UM HOMEM PÚBLICO

Fonte: JV PORTAL / JEREMOABO TV

Manoel José de Santana, conhecido por todos como “Nuca”, nasceu em 04 de fevereiro de 1955 na Fazenda Lagoa das Madeiras, Município de Antas/BA, tendo falecido em 17 de setembro de 2020, na capital baiana Salvador. Filho de José Elias de Santana “Sr. Dudé e de D. Maria Filomena de Oliveira, conhecida como D. Mariinha”.

Seu pai Dudé, como forma de sustento familiar, tendo que manter uma família composta de sete filhos, sendo quatro mulheres de nome Edleuza, Edneuza, Maria José e Edileide e três homens, Nuca, José e Claudio, o mesmo trabalhava incansavelmente em sua propriedade, buscando sempre levar o pão para a mesa com sua dignidade de homem simples e trabalhador. 

Com o passar do tempo, em busca de melhorar sua condição de vida, deixou sua propriedade da fazenda Lagoa da Madeira após a venda, indo trabalhar na localidade chamada fazenda Lagoa de Cima pertencente a seu irmão Sinésio. Depois de alguns anos logo em seguida foi residir na cidade de Antas/BA.

No ano de 1972, Sr. Dudé e família, levantam voo, indo morar na cidade de Jeremoabo/BA, onde passou a trabalhar como carpinteiro e ferreiro. Já estabelecido em sua mais nova morada, com o passar do tempo, sua esposa D. Mariinha, veio a falecer, ficando viúvo por algum tempo. Passados alguns anos, Sr. Dudé, com uma união subsequente com a Sra. Lita, passou a ter no seio familiar, mais três filhos de nomes: Tadeu, Cláudia e Claudiane.

Em um espaço do quintal de sua residência, com sua capacidade de criar artefatos na área de carpintaria e de ferreiro, chamou à atenção dos moradores da cidade e região, que começaram a adquirir tais produtos. Como se não bastasse, tendo recebido uma área de terra no Povoado Matinha próximo ao Povoado Malhada Vermelha, distante da sede aproximadamente 38 Km, doada pelo seu genro Nelson Bispo dos Santos “Nelson Contador”, junto com seu filho Cláudio, construíram pelo o período de seis meses, sua residência em meio a um rochedo, local denominado de Toca Rancho Patativa ou Toca do Dudé. Neste mesmo ano, Dr. Manoel “Nuca”, jovem estudante, ingressou no CMSJB, aonde concluiu o primeiro grau, logo em seguida o curso básico. Fim da etapa, o que fazer?

Na época, o CMSJB apenas disponibilizava o curso profissionalizante em Magistério. Jeremoabo em fase de crescimento, não oferecia perspectiva de trabalho. Neste momento, com parcos recursos, o jovem concluinte, ficou à mercê de uma oportunidade de trabalho. Seu pai, com receio que o mesmo ficasse perambulando pela a cidade sem qualquer atividade profissional, aconselhou o mesmo a enfrentar a dura realidade de trabalhar, logo, na maior metrópole do país “São Paulo” no ano de 1974.

Nuca, jovem predestinado em querer chegar ao topo da vitória, não pensou duas vezes, tomando conhecimento do edital para abertura de concurso público, se inscreveu e enfrentou o concurso para servidor do Banco Bamerindus na capital paulista, tendo sido aprovado em uma colocação extraordinária.  Passados alguns anos de trabalho, desejando retornar ao seu estado de origem, pediu transferência para a Capital Baiana Salvador, onde exerceu sua atividade por vários anos.

Já em Salvador, com o objetivo de galgar mais crescimento profissional, fez vestibular na Faculdade Católica de Salvador no curso de Direito, tendo sido aprovado como uma das melhores colocações. Já formado em advocacia, exerceu a função de Escrivão da Polícia Civil.

Seguindo sua trajetória, fez concurso de carreira par Delegado, sendo aprovado, tornando-se Delegado Regional, onde exerceu suas funções nas Delegacias de Paulo Afonso, Juazeiro, Alagoinhas e Salvador.

No ano de 1996, Nuca como Delegado Regional em Juazeiro na Bahia, busca transformar seus dois filhos Lucas com idade de 11 anos e Saulo com 8, em verdadeiros músicos. Com a visão de crescimento, criou o grupo com o nome de Instrumental Raizes, aonde os mesmos chegaram a gravar um CD. Lucas tocava cavaquinho enquanto Saulo o violão. Começa a ascensão da trajetória artística, chegando os mesmos, a se apresentarem na TV Grande Rio em Petrolina/PE, teatros e eventos pela a região. 

 O grande Delegado sendo transferido para a cidade de Alagoinhas e posteriormente para Salvador, os filhos deixam a atividade de músicos e ingressam na faculdade, onde Lucas tornou-se engenheiro civil e Saulo em Advogado. Suas filhas, Manuela optou pela a carreira de Advocacia e Juliana de Engenharia Civil. 

O velho pai e incentivador após ter dado todas as condições de crescimento profissional a seus filhos, concluiu suas atividades profissionais na capital baiana. É hora de buscar a tranquilidade pelo tempo trabalhado. Adquire sua aposentadoria, agora só sombra e água fresca.

Ninguém da família imaginava que ele tinha um sonho. Sonho este, onde tudo começou. Nuca, sendo fiel a suas origens, buscou adquirir todos os terrenos que fora vendido de seu pai e de seu avô na localidade denominada Lagoa da Madeira na Lagoa do Badico em Novo Triunfo, Na calada, seu sonho foi realizado, dando alegria para sua esposa Sônia, filhos e família, sendo a mesma preservada até hoje e, que jamais será desfeita. Como forma de presentear sua prole, deu a cada um, parte do imóvel, para edificação de seus lares. 

No auge das conquistas, não demora muito, o sonhador é acometido por problemas de saúde e, para a tristeza da família e amigos, o velho guerreiro no dia 17 de setembro de 2020 parte para outro plano espiritual Naquela mesa que era composta pelo o esteio da família, deixa de existir, está faltando ele.  Solidão e tristeza.

Em um canto especial da fazenda, foi construído um espaço debaixo de um pé de umbuzeiro, onde as cinzas dos restos mortais foram depositados em tamanha comoção pelos familiares e amigos. Recanto de terra preferido pelo o mesmo. Neste dia, após despedida de parentes e amigos, os dois sobrinhos, Alex e Múcio que tanto amavam o tio, permaneceram no local onde choraram amargamente a perda de quem tanto amava.

Ninguém imaginava, que o tempo reservava um capítulo de dor maior do que havíamos presenciado. Familiares e amigos vivem momentos dolorosos e, por vezes, inevitáveis.  

Como se não bastasse, para tristeza maior da família, além de perder um ente querido de todos, seu sobrinho Alex Sander, filho de Edleuza e Nelson, nascido em 13 de outubro de 1973, funcionário público municipal, excelente profissional na área de informática, vem a falecer sete meses após sua morte, acometido pela a terrível corona vírus, a covid 19. Alex, amado por todos, enfrentou dias difíceis em hospitais do estado, vindo a falecer na cidade de Sr. do Bonfim/BA.

Em meio a tamanha comoção, as cinzas dos restos mortais deste ente querido de todos, foram jogadas também, no mesmo local do tio que tanto amava.

A perda de dois membros da família é uma experiência avassaladora, que deixa um vazio profundo e uma sensação de perda irreparável. A dor da ausência é intensa, e as memórias dos momentos compartilhados tornam-se tanto fonte de conforto quanto de tristeza. Lidar com a perda de entes queridos exige tempo, compreensão e apoio mútuo. É um processo complexo, onde a saudade se entrelaça com a aceitação gradual da nova realidade. Apesar da dor, a memória e o amor pelos que se foram continuam a ecoar na alma da família, guiando-os através do luto em busca de cura e esperança.

Assim, enquanto a partida do pai sonhador e de um sobrinho, deixa uma lacuna que nunca será completamente preenchida, suas influências persistem na jornada de seus entes queridos. E, à medida que enfrentam o luto, eles encontram forças para continuar, guiados pelos raios de luz deixados pelos sonhos que um dia compartilharam.

MENSAGEMN DE JULIANA "FILHA DE NUCA"

 Meu pai foi a pessoa mais doce que eu conheci. Ele tinha tanto sentimento por tudo, que eu imagino que, por isso, ele tenha sido um homem tão forte. A simplicidade que ele lidava com assuntos tão difíceis, às vezes me assustava, assim como a sensibilidade de perceber as coisas antes de qualquer um. Painho nos ensinou que vale muito mais amar e ajudar o próximo do que qualquer outra coisa na vida. Ele ensinou que ter asas pra voar e coragem pra enfrentar o mundo é difícil, mas a gente é muito mais forte do que imaginamos. Com ele, aprendemos que não chegamos a lugar algum esquecendo de onde a gente veio. Aprendemos a amar nossas raízes e, por isso, hoje, temos asas pra voar. A vida é muito difícil sem sua presença, mas eu sei que ele está lá de cima olhando por todos nós. Painho foi um espírito evoluído e quanto mais envelhecemos, mais percebemos isso. Obrigada por ter nos ensinado tanto, pai. Do lado de cá a gente honra o homem maravilhoso que o senhor foi aqui na terra e que, com certeza, continua sendo no plano espiritual.
Autora: Juliana Mutti C.A de Santana

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