02/07/2008

O QUE REGE NOSSA VIDA
Cristina Fam
QUEM SOU EU? Porque estou aqui? O que eu deveria fazer? Qual o meu destino? Qual o significado de tudo isso?
Essas são algumas das profundas questões que nos fazemos ao empreendemos a jornada da vida. A busca de significados é intrínseca à natureza humana. Como crianças pensantes, queremos compreender por que nos encontramos nesta estrada e aonde a viagem nos conduz. Este lugar nos deixará verdadeiramente felizes e satisfeitos? “Se pudéssemos saber primeiramente onde estamos e para onde nos dirigimos, teríamos a noção do que fazer e poderíamos julgar a melhor maneira para tal”, observou Abraham Lincoln. Sem respostas para estas perguntas, sentimo-nos um pouco desorientados. Somos errantes, empenhados na busca de um fim e um objetivo, de um propósito e uma conexão.
E, é claro, se vamos nos ater fielmente a conceitos como a coragem e a perseverança e a responsabilidade e a lealdade, ajuda saber por que nos damos o trabalho. Qual é o bem que, em última instância, isso nos traz? O que têm as virtudes a ver com nosso lugar no universo, a razão de estarmos aqui e a nossa natureza de seres humanos? Por que deveríamos ser criaturas morais?
Não temos todas as respostas. Mas ajuda-nos a pensar sobre as questões. Desafia-nos a pensar profundamente em nossas ações, relembrando-nos que em muitos aspectos a vida é uma jornada interior. Os antigos filósofos gregos acreditavam que o autoconhecimento é o objetivo mais elevado: “A vida que deixamos de examinar não vale a pena ser vivida”, diziam eles. É fácil admitirmos que sabemos bastante sobre nossas próprias vidas. Mas, na verdade, o sentimento de estarmos à deriva no mundo pode ser, em grande escala, o resultado de não conseguirmos viver conforme a máxima dos antigos: “Conhece-te a ti mesmo”. Conhecer a si mesmo requer esforço, e por essa razão conferimos a tal conhecimento elevado grau de apreciação, ao ponto de lhe atribuirmos à categoria chamada sabedoria.
Para muitos, entretanto, a sabedoria acerca de si próprio nunca basta. Eles buscam não apenas o conhecimento de si mesmo, mas também o conhecimento da vontade divina. Para essas pessoas, as respostas às perguntas mais importantes vêm através da fé, da revelação, e não da razão. Portanto, encontramos histórias sobre como a fé pode nos guiar na jornada da vida. Pessoas retiram forças das alturas, contando com a ajuda de Deus para as grandes e as pequenas tarefas da vida. Nós as vemos vivendo prontas a atender ao chamado de Deus e descobrindo a direção a seguir através da busca de caminhos para servi-Lo. E as vemos descobrindo respostas para a pergunta “Por que estou aqui?”. Ao servirem a seus iguais e ajudarem a outrem pelo caminho da vida segundo os ditames de sua fé.
A sabedoria e a fé nos ajudam a encarar nossa mortalidade. A vida, num certo sentido, é uma jornada do berço ao túmulo, porém num aspecto mais importante é uma jornada de compreensão do próprio ser, de suas criaturas iguais e do desejo divino.
Nesse sentido, a coragem, a compaixão, a honestidade, a lealdade e todas as outras virtudes podem constituir toda a diferença. Podem ser a diferença. Podem ser um destino, porque a maneira de viajarmos é mais importante do que a distância que conseguimos percorrer. Conforme disse Samuel Johnson: “A vida, como todas as bênçãos, extrai seu valor do próprio uso apenas. Não por si mesma, mas por um propósito mais nobre que o eterno lhe concedeu; e este propósito é a virtude”. No fim, podemos descobrir que as coisas a que chamamos virtudes estão entre as razões pelas quais nos encontramos aqui. Não são apenas meios; muito frequentemente, são os próprios fins. E quando se tornam preceitos pelos quais nos guiamos, nossas próprias ações acontecem de serem as melhores respostas para as grandes questões da vida.

O LIVRO DAS VIRTUDES II
WILLIAM J. BENNETT